Na discussão da Comissão de Inquérito Parlmentar ao Novo Banco, apenas a proposta do Bloco de Esquerda recebeu a aprovação de todos os partidos no Parlamento. A bancada dos bloquistas quer investigar "quem garantiu que a venda era a melhor solução, que não ia utilizar recursos públicos, quem assinou um contrato ruinoso que entregou a faca e o queijo nas mãos de um fundo abutre [o norte-americano Lone Star] e deixou a fatura para o Fundo de Resolução".
A deputada do BE Mariana Mortágua aproveitou para lançar farpas aos governos do PS e PSD, acusando-os de “complacência e conivência” numa “complexa rede de ‘offshores’ (paraísos fiscais)” que terá levado à falência do Banco Espírito Santo juntamente com a “benevolência do Banco de Portugal”.
Mortágua garantiu ainda, no encerramento da discussão, que o partido iria votar “a favor de todas as propostas para investigar tudo, inclusivamente dos dirigentes do Chega e suas ligações empresariais", uma vez que estava a ser debatido também o inquérito parlamentar do Chega, focado no financiamento de campanhas políticas pelo Grupo Espírito Santo (GES), nomeadamente na campanha de Cavaco Silva para as presidenciais.
E se por um lado a proposta do Bloco recebeu a aprovação de todas as bancadas do hemiciclo, por outro as propostas da Iniciativa Liberal, do PS e do Chega não agradaram a todos.
O PS, na sua proposta, disse o deputado João Paulo Correia, procura investigar as “perdas registadas pelo Novo Branco imputadas ao Fundo de Resolução”, mas também “avaliar a atuação dos Governos, Banco de Portugal, Fundo de Resolução e Comissão de Acompanhamento no quadro da defesa do interesse público”.
Já a Iniciativa Liberal quer dar mais importância às “razões dos prejuízos do Novo Banco”, disse João Cotrim Figueiredo. O Chega está mais focado em “crimes tão graves como associação criminal ou burla” no GES “com o dinheiro dos portugueses”, afirmou André Ventura.