Os concelhos de Lisboa e Sintra, os mais populosos do país, continuaram na última semana a registar o maior número de novos casos de covid-19, embora sem um agravamento significativo face à semana anterior. A Direção Geral da Saúde voltou ontem a atualizar a informação sobre os casos reportados em cada concelho, o que só é feito às segundas-feiras. Os dados não incluem todos os casos reportados ao longo da semana, já que só contam os dados reportados pelos médicos depois de validar a morada dos infetados e não as notificações feitas por laboratórios. Ainda assim, vão permitindo uma ideia de onde tem crescido mais a epidemia, numa altura em que alguns concelhos vão disponibilizados informação sobre casos ativos por freguesia, mas nem todos o fazem.
O concelho de Lisboa registou 467 novos casos na última semana, o que compara com 448 na semana anterior. Já Sintra contabiliza 339 novos casos, até menos do que as 352 reportados na semana anterior. Em terceiro lugar surge o concelho de Loures, com 179 casos reportados no espaço de uma semana, o que compara com 154 na semana anterior.
Se em junho estes concelhos já tinham estado foco das preocupações, nas últimas duas semanas o aumento de casos tem sido também mais expressivo em Cascais, que quando foram decretadas medidas mais restritivas para 19 freguesias na área metropolitana de Lisboa não esteve entre os concelhos abrangidos. Na última semana Cascais registou 156 novos casos, menos do que os 200 reportados na semana anterior, mas continua a ser o quarto concelho a nível nacional com mais novos casos. Ainda na área metropolitana de Lisboa, registaram-se 124 novos casos na Amadora, 120 em Oeiras (que em junho também não suscitou preocupações de maior) e 117 em Odivelas.
A Norte, o concelho de Guimarães continua a registar o maior aumento de casos, com 129 novas infeções reportadas na última semana – ocupa a quinta posição a nível nacional entre os concelhos que têm vindo a ter mais novos casos nesta nova fase da epidemia. Segue-se Vila Nova de Gaia, com 121 novos casos. Os restantes concelhos do país continuam a registar menos de 100 casos por semana. Almada, Vila Franca de Xira, Seixal e Porto são os mais próximos desse patamar.
A DGS, Instituto Ricardo Jorge e academia estão agora a desenvolver uma nova metodologia de análise de risco por concelho, que terá em conta a incidência por 100 mil habitantes mas também o tipo de infeções (surtos localizados ou transmissão comunitária). Como o SOL avançou, a perspetiva é que os mapas de risco, previstos no plano para o outono/inverno, venham a ser usados na definição de futuras medidas localizadas em caso de necessidade de travar a transmissão do vírus, conforme for também a evolução da pressão sobre os serviços hospitalares, que até aqui tem sido maior na região de Lisboa.
Esta segunda-feira foram reportados 425 novos casos no país, 188 dos quais na região de Lisboa e Vale do Tejo, números abaixo do que têm sido as médias diárias no país e que vão sendo habituais à segunda e terça-feira, com o resto da semana a permitir perceber melhor a tendência. O i já tentou perceber junto da DGS o que explica esta oscilação, aguardando resposta. Apesar de haver menos casos reportados ao domingo, a trajetória dos internamentos continua a ser de crescimento. Ontem estavam internados nos hospitais 659 doentes, mais 24 do que no dia anterior, o número mais elevado desde 15 de maio. Havia 98 doentes em unidades de cuidados intensivos, também o número mais elevado desde a mesma altura. O aumento da pressão hospitalar não tem sido tão rápido como aconteceu no início da epidemia em Portugal: um mês depois de terem sido detetados os primeiros casos de covid-19, a 2 de março, estavam internados nos hospitais 1042 doentes, 240 em cuidados intensivos – confirma-se agora que a doença terá começado a circular no país mais cedo (ver ao lado). No pico de pressão hospitalar, na primeira quinzena de abril, chegaram a estar internados 1302 doentes com covid-19 nos hospitais, 271 em cuidados intensivos. Mas o número de novos casos diários começou na altura a baixar, o que travou a subida de doentes nos hospitais, o que por agora não se antecipa. Na última semana, de domingo a domingo, houve um aumento de 124 doentes internados nos hospitais, o dobro da semana anterior.
De acordo com o balanço feito ontem pela DGS, há agora 51 surtos ativos em lares. Foram também sinalizados focos de contágios em alguns hospitais e em 12 escolas, um balanço feito ontem pela primeira vez pela autoridade de saúde. Esta segunda-feira começou a vacinação contra a gripe nos lares, que DGS e Governo anteciparam em quinze dias para tentar diminuir a circulação do vírus da gripe ao mesmo tempo que se enfrenta a covid-19. A vacinação será garantida em conjunto entre as equipas dos centros de saúde, juntas de freguesia e também unidades de cuidados continuados.