A odiada Special Anti-Robbery Squad (SARS), uma unidade da policia nigeriana ligadas a homicídios, tortura, extorsão e corrupção, foi abolida hoje, por decreto do Presidente Muhammadu Buhari, após protestos massivos por todo o país contra a brutalidade policial. Ainda assim, os manifestantes continuam nas ruas: boa parte dos agentes e oficiais do SARS serão redistribuídos por outras unidades, temendo-se que não sejam responsabilizados pelos abusos. No domingo de manhã, a multidão foi varrida pela polícia com recurso a gás lacrimogéneo.
De certa maneira, o Special Anti-Robbery Squad era visto mais como um gangue que como uma força de segurança. "Aqueles considerados mais 'vistosos' frequentemente atraíam a atenção dos agentes do SARS e muito poucos se afastam sem ter de entregar dinheiro. Outros são detidos ou presos com acusações inventadas e outros têm sido mortos", descreveu a correspondente da BBC na Nigéria.
Há anos que se exigia o fim da unidade, mas a contestação foi galvanizada por um vídeo recente de um homem a ser assassinado pela polícia. As imagens tornaram-se virais e despoletaram o movimento #endSARS. À semelhança do que se passou nos Estados Unidos, após a morte de George Floyd, os ativistas pedem reformas da polícia e do sistema judicial. O movimento ganhou tração global, com manifestações em Londres e apoio de celebridades da diáspora nigeriana, como John Boyega, que participou nos últimos filmes da saga Star Wars.