Mais de 9.000 autarcas votaram, na passada terça-feira, para eleger o presidente e vice-presidente das Comissões de Coordenação e Desenvolvimento Regional, CCDR, das cinco regiões de Portugal continental, que terá um papel fundamental na gestão dos fundos comunitários europeus nas respectivas regiões.
O Alentejo foi a única região do país onde concorreram dois candidatos ao cargo de presidente da CCDR. Tendo António Ceia da Silva, do Partido Socialista, saído vitorioso, depois de alcançar mais 94 votos do que o candidato independente e ex-presidente da CCDR Alentejo, Roberto Grilo, do PSD.
Esta foi a primeira vez que as presidências das CCDR foram sujeitas a votação, sendo no passado decidido pelo Governo em funções. No entanto, esta mudança na nomeação do cargo, que foi anunciada como medida para a descentralização, tem recebido várias críticas, o que se refletiu na votação de ontem: foram contabilizados 23% de votos brancos e 4% de votos nulos, na soma das votações das cinco regiões.
O PCP manifestou publicamente o seu desagrado em relação às eleições, que, defendeu o partido, iriam adiar o verdadeiro processo de descentralização. O CDS, em Lisboa, recomendou os autarcas a votarem “nulo” por se tratar de “uma vergonha nacional”. No Norte, o movimento do Presidente da Câmara Municipal do Porto, Rui Moreira, apelou igualmente ao boicote do que considerou ser “uma farsa”. Autarcas do Bloco de Esquerda, na região centro, disseram que iriam votar “branco” por estas eleições reforçaram o centralismo. O Iniciativa Liberal acusou o “bloco central” de usar as CCDR como extensões dos interesses partidários
Recorde-se que os candidatos escolhidos para representar as diversas regiões surgiram de um acordo entre Rui Rio e António Costa, que agora dividem entre si, as cinco regiões de Portugal continental, com o PS a controlar a CCDR de Lisboa e Vale do Tejo, a do Alentejo e a do Algarve e com o PSD a do Centro e a do Norte do país.