“Depois do furto de Tancos andei psicologicamente um bocadinho stressado, a fazer estragações. Era para meu consumo e dos meus amigos”, explicou o líder do roubo de material militar dos paióis de Tancos, o ex-fuzileiro João Paulino, no segundo dia do julgamento – que decorre no Tribunal de Santarém – sobre o assalto, que decorreu no final de junho de 2017.
Neste sentido, Paulino garantiu que teve dois cúmplices a auxiliá-lo no furto, e não sete, como havia sido apontado na acusação do Ministério Público. Além disso, acrescentou que nunca traficou droga, ainda que tenham sido apreendidos haxixe e cocaína aquando da sua detenção. No entanto, justificou que os 16 quilos de bolotas de haxixe constituíam uma encomenda que lhe havia sido feita por “um conhecido”, para “ganhar algum dinheiro”.
Naquilo que concerne aos 61 gramas de cocaína que se encontravam em sua casa, invocou o stresse provocado pelo furto, evidenciando que somente pretendia consumir estupefacientes com os amigos para aliviar o nervosismo. O homem que assumiu ter encabeçado o assalto e, antes disso, ter-se deslocado a Espanha para adquirir equipamento para abrir as fechaduras dos paióis avançou igualmente que “não havia segurança nenhuma em Tancos”, “rondas só faziam de vez em quando e as câmaras estavam todas estragadas”.
O também dono de um bar em Ansião, Leiria, confessou ter temido a repercussão pública do assalto e, por esse motivo, contactou Bruno Ataíde, da GNR de Loulé, para conseguir devolver o material de guerra. Numa primeira fase devolveu uma parte numa operação levada a cabo com a conivência da GNR e da Polícia Judiciária Militar. Numa última fase, a poucos dias do início do julgamento, devolveu munições e granadas que tinha ocultado em garrafões enterrados num pinhal. Sobre os 30 explosivos que ainda não foram encontrados, garantiu que não os tem em sua posse.
Sabe-se que Paulino combinou entregar o material em troca da não perseguição judicial.