Conselho de Ministros avalia hoje risco por município e medidas

Lista de concelhos com mais restrições no estado de emergência poderá ser revista e reforçadas medidas nos concelhos mais afetados.

À porta de um fim de semana em que entra em vigor a proibição de circular na via pública nas tardes e noites de sábado e domingo, os concelhos sinalizados como tendo maior risco, onde vigoram as restrições, vão ser avaliados esta quinta-feira em Conselho de Ministros, onde o Governo poderá também decidir medidas mais diferenciadas nos concelhos de risco mais elevado entre os que foram sinalizados.

Sem dados disponibilizados desde a semana passada pela DGS sobre a evolução da epidemia por concelho, a informação por região permite perceber que a zona norte do país, onde os investigadores admitem agora que pode já ter sido passado o pico de infeciosidade, é a que continua a registar uma maior incidência de novos casos tanto a 14 como a sete dias, isto tendo em conta a população.

Esta quarta-feira, o Norte continuava com uma incidência superior a 1000 casos por 100 mil habitantes a 14 dias, quatro vezes acima do patamar de 240 casos por 100 mil habitantes usado pelo Governo para sinalizar, há duas semanas, os 121 concelhos de maior risco. É também a região do país onde há concelhos com incidências mais elevadas, isto  de acordo com os dados que têm sido divulgados nos últimos dias. Além de Paços de Ferreira, outros concelhos límitofres tinham na semana passada uma incidência superior a 1500 casos por 100 mil habitantes. Na região de Lisboa, a segunda com mais incidência, não há qualquer informação sobre como têm evoluído a situação nos diferentes concelhos desde há duas semanas.

O secretário de Estado da Saúde, António Lacerda Sales, garantiu também esta quarta-feira que o país está a preparar-se para o pico da epidemia, também em termos de  resposta hospitalar, mas também de capacidade de testagem e ventilação. “Essa é a garantia que posso dar aos portugueses”, afirmou. Já houve no entanto o alerta por parte do gabinete de crise da Ordem dos Médicos de que o total de 704 camas de cuidados intensivos que o primeiro-ministro indicou estarem disponíveis neste momento para doentes com covid-19, sem perturbar a restante atividade, são o universo de camas disponíveis neste momento em todo o país para qualquer doente que precise de cuidados intensivos. "Em março tinhamos cerca de 510/513 camas de cuidados intensivos. À data de hoje, porque houve uma requalificação de enfermarias e espaços, temos no total em Portugal continental para toda a população nacional 740 camas de nível III. Não temos 700 camas vazias criadas de novo para doentes com covid-19”, disse o médico, alertando que a pressão vai continuar a aumentar não só pela epidemia, mas pelo aumento de outras infeções respiratórias e descompensação de doença com o frio nos meses de outono/inverno.

À Lusa, o matemático Óscar Felgueiras, que faz a modelação da epidemia, indicou esta quarta-feira que os modelos apontam agora para uma estabilização na epidemia no Norte, onde pode já ter sido superado o pico de infeciosidade, na ordem dos 3000 casos diários, ressalvando no entanto que o risco se mantém elevado. “Se estivéssemos num patamar mais baixo, esta estabilização seria uma boa notícia, mas tendo em conta a elevada incidência e a consequência que isso tem na afluência aos serviços de saúde isto não é sustentável e tem de haver um travão”, afirmou. A nível nacional, a trajetória mantém-se ainda assim crescente, com a pressão sobre os hospitais a aumentar, de forma mais intensa na região Norte mas também em Lisboa.

Ontem estavam internados no SNS 2785 doentes com covid-19, dos quais 391 em cuidados intensivos.