Trinta e três das 45 corporações de Bombeiros do Distrito do Porto entregaram as chaves de 25 ambulâncias do Posto de Emergência Médica (PEM) ao INEM pela falta de respostas e ausência de Equipamentos de Protecção Individual COVID, depois de terem exigido mais apoios por parte da instituição numa altura em que a pandemia mundial provocou um aumento de serviços por parte da corporação, anunciaram os comandantes de bombeiros de São Mamede de Infesta, concelho de Matosinhos, e de Coimbrões, Vila Nova de Gaia, Gilberto Gonçalves e Luís Araújo, respetivamente, à saída de uma reunião com o INEM, no Porto, que foi uma "mão cheia de nada", segundo Gilberto Gonçalves.
Já na passada quarta-feira a Federação dos Bombeiros do Distrito do Porto tinha ameaçado estacionar por tempo indeterminado as viaturas PEM junto à Delegação Regional do INEM-Norte, em protesto pela falta de colaboração do INEM. "A situação é insustentável e coloca em causa a emergência médica. A Autoridade Nacional de Emergência e Proteção Civil (ANEPC) não tem apoiado com a quantidade suficiente nos equipamentos de proteção individual (EPIs). Estamos ao serviço do Estado e não estamos protegidos, nem conseguimos proteger as populações", disse o comandante dos Bombeiros Voluntários (BV) de Paredes, José Morais antes da reunião.
Apesar da paragem de diversas ambulâncias – cada corporação tem "entre uma a duas ambulâncias PEM" -, os Bombeiros garantem que o socorro às pessoas que necessitem não será comprometido. Recorde-se que a Federação dos Bombeiros do Distrito do Porto mostrou-se insatisfeita com vários pontos, como o procolo com o INEM, e tinha exigido uma renogociação do acordo que existe entre ambas as entidades depois de ter surgido um aumento de serviços durante a pandemia, algo que não ocorreu.
Também a subida dos custos extra das corporações no que toca à aquisição de equipamentos de proteção individual e desinfeção dos carros após os serviços foi outra das queixas por parte dos Bombeiros do Distrito do Porto. O comandante dos Bombeiros Voluntários de Coimbrões, Luís Araújo, explicou, em declarações ao Jornal de Notícias, que o INEM indica quais os equipamentos de proteção individual que devem ser utilizados pelos bombeiros, "mas não os distribui" em quantidade suficiente, ficando "muito aquém das necessidades".
O INEM reagiu à paragem através de um comunicado e diz que que já foram iniciadas negociações em outubro para rever o acordo "nomeadamente nos aspetos relacionados com o socorro pré-hospitalar e a operacionalização dos Postos de Emergência Médica (PEM) e Postos Reserva nos Corpos de Bombeiros (CB)", pode ler-se na nota. "Este trabalho, que inclui a análise ao atual modelo de financiamento, está em curso (…) foram já realizadas cinco reuniões, estando agendadas mais duas para a próxima semana", acrescentam.
Leia aqui o esclarecimento do INEM na íntegra.