O PSD garantiu ao Presidente da República que está disponível para apoiar a renovação do estado de emergência, mas alertou que que os portugueses não vão compreender que existam “realidades diferentes” durante este período. O alvo era o congresso do PCP que se vai realizar entre 27 e 29 de novembro, em Loures.
Após a reunião com Marcelo Rebelo de Sousa, que ouviu os partidos sobre o estado de emergência e o orçamento, Nuno Morais Sarmento, vice-presidente do partido, condenou a decisão do PCP de manter a realização do congresso. “Estas decisões têm de ser iguais para todos. Não entendemos que fechem supermercados e restaurantes, que se obriguem as famílias portuguesas a estar em casa e que depois se realizem, por exemplo, congressos partidários. Não entendemos”, disse.
Morais Sarmento lembrou que o partido adiou o congresso do PSD/Madeira, que estava previsto para o próximo fim de semana, por causa da pandemia.
O dirigente do PSD alertou que que se forem criadas “excessivas diferenciações ou classificações” existe o risco de os portugueses ficarem mais confusos. “Chamamos a atenção para a necessidade de, ao contrário do que tem sucedido, haver uma uma comunicação clara para deixar os portugueses mais seguros e não com dúvidas”, disse.
O congresso do PCP está previsto para o último fim de semana deste mês em Loures. Jerónimo de Sousa, à saída de Belém, voltou a garantir que o estão reunidas todas as condições para a realização do evento comunista. O congresso vai realizar-se com metade dos delegados, cerca de 600, e sem presença de convidados nacionais e estrangeiros. “Vão ser tomadas todas as medidas sanitárias em termos de circulação e proteção individual. Permite, nesse aspeto, dar garantias. O nosso congresso vai ser um exemplo demonstrativo de que é possível exercer direitos e liberdades”, disse.
A renovação do estado de emergência deverá ser aprovada amanhã de manhã na Assembleia da República. PS e PSD já garantiram que apoiarão esta decisão. O CDS, que também votou a favor há 15 dias, só tomará uma decisão depois da reunião com os especialistas que vai realizar-se esta quinta-feira.
Filipe Lobo d’Ávila critica, porém, as medidas que estão a ser aplicadas durante os fins de semana. “A verdade é que acabou por concentrar populações em determinados horários”, disse o dirigente dos centristas, após a reunião com o chefe de Estado.
O Bloco de Esquerda também não revelou a posição em relação ao prolongamento do estado de emergência. Catarina Martins defendeu que “é necessário que as medidas sejam fundadas na evidência científica e que haja uma comunicação do risco adequada à população”. Para a coordenadora do Bloco de Esquerda, tem “faltado coerência nas medidas e uma correta comunicação do risco às populações”.
Os bloquistas consideram que novas restrições devem ser acompanhadas de “medidas mais fortes de apoio económico e social”, porque existem “setores em rutura e muita gente em enorme dificuldade”.
O PCP contesta a renovação do estado de emergência. Jerónimo de Sousa prefere falar na necessidade de “medidas de urgência para resolver os problemas” que o país atravessa, “designadamente no plano económico e social”.
A declaração do estado de emergência foi aprovada, no dia 6 de novembro, com os votos a favor do PS, PSD e CDS.
PCP, PEV, Iniciativa Liberal a a deputada Joacine Katar Moreira votaram contra. Bloco de Esquerda, PAN e Chega optaram pela abstenção.