Não é só no PSD que existem divergências por causa do acordo com o Chega nos Açores. Entre os centristas, que integram o Governo liderado por José Manuel Bolieiro, também há uma corrente a defender que o Chega devia ter ficado de fora das negociações.
Adolfo Mesquita Nunes estava à espera do Conselho Nacional para criticar a forma como Francisco Rodrigues dos Santos geriu este processo. O adiamento da reunião levou-o a tornar públicas as divergências. «O erro cometido nos Açores não deve repetir-se», alertou o antigo vice-presidente do partido, num artigo no Observador.
Mesquita Nunes alerta que este caminho «compromete a sobrevivência e a identidade» do CDS e defende que a direita «não estava condenada a um acordo com o Chega para governar nos Açores».
Adolfo Mesquita Nunes foi um dos subscritores de manifesto, publicado a seguir ao acordo dos Açores, que alertava que o espaço da direita portuguesa não é o do extremismo. Nessa altura, Rodrigues dos Santos lamentou que exista «muita gente à direita que prefere os salões do Bairro Alto e do Príncipe Real em vez de querer corresponder a uma vocação de mudança de uma direita real que existe no nosso país».
Mesquita Nunes não deixou o líder do partido sem resposta e alertou que «a ameaça ao CDS não está nos críticos de um acordo com o Chega», mas «nos falsos amigos que nunca votaram CDS e insistem que o CDS tem tudo a ganhar em deixar Ventura entrar no arco da governabilidade».
‘Um folclore que não interessa’
O presidente da Juventude Popular foi um dos primeiros a defender uma ‘geringonça’ de direita para governar os Açores. Francisco Mota considera, porém, que o Chega deveria ter sido confrotado, «se queria estar do lado da mudança e da prosperidade ou do lado do socialismo».
O líder da JP lamenta que «uma coisa simples» se tenha complicado. «Toda esta novela passou a ser um folclore que não interessa a ninguém.Uma vez mais apenas serviu para alimentar as tricas internas do PSD e do CDS nacionais, que com isso só dão força e razão a quem não interessa», afirma.