Mota Amaral antecipa debate “animado” do Governo nos Açores

O antigo presidente do Governo dos Açores recorreu à imprensa local para prever um debate do Programa de Governo “animado”, deixando um pedido de “apoio” aos novos partidos no parlamento açoriano.

Durante os próximos dias "todas as atenções vão convergir para a sede da Assembleia Legislativa", prevê João Bosco Mota Amaral, referindo-se à discussão e votação do XIII Governo dos Açores, a decorrer entre quarta e sexta-feira. "O debate promete ser animado e tem tudo para o ser! O novo governo vai encontrar nas bancadas da oposição muitos membros do anterior e alguns deputados socialistas deveres furibundos", pode-se ler num artigo publicado na imprensa local, intitulado "Nova Vaga".

A “determinação” do novo governo açoriano, que pela primeira vez em mais de 20 anos estará pintado de laranja, não deverá deixar dúvidas, confessa Mota Amaral, que diz esperar-se “uma resposta veemente e entusiástica da parte dos novos governantes chamados a intervir nesse debate, bem como das bancadas dos grupos parlamentares que apoiam o novo governo”.

"No início formal de um novo ciclo político, convém muito que não fiquem no ar dúvidas quanto à determinação do novo governo e das forças políticas que o viabilizam em cumprir a missão, livremente assumida, de dar um novo rumo aos Açores", defendeu o presidente do arquipélago entre 1976 e 1995, fazendo assim um apelo aos partidos que apoiam o novo Governo da região.

Antevê Mota Amaral uma forte "tentativa de desfasar a coerência" das propostas do governo, seguindo-se uma consideração da oposição como sendo "irrealistas ou inoportunas".

Nos Açores, o Programa do Governo Regional deve ser entregue à Assembleia Legislativa num prazo máximo de 10 dias após a tomada de posse do executivo. Tal aconteceu na passada sexta-feira, data em que foi entregue o programa do XIII Governo dos Açores a Luís Garcia, presidente do parlamento açoriano.

Agora, o debate sobre o programa deverá ocorrer entre quarta e sexta-feira, existindo espaço para qualquer partido requerer uma rejeição do programa, através de uma moção, que, caso seja aprovada, levará à demissão imediata do executivo.

As eleições legislativas nos Açores, que ocorreram a 25 de outubro, foram tópico de discussão durante largas semanas, resultando na perda de maioria absoluta do Partido Socialista, e num consequente acordo de governação entre o Partido Social-Democrata (PSD), o CDS-PP e o Partido Popular Monárquico (PPM), que colocaram José Manuel Bolieiro (PSD) como presidente da região e, assim, alteraram o paradigma no arquipélago, que elegera o PS durante mais de 20 anos para liderar o seu Governo. Foi ainda assinado um acordo de incidência parlamentar com o Chega e com a Iniciativa Liberal, reforçando o poder desta nova “geringonça de direita” no parlamento açoriano.