"Mantenho total confiança no Dr. Eduardo Cabrita como ministro da Administração Interna", disse António Costa, no final do Conselho Europeu, acrescentando que o ministro "fez o que lhe competia fazer" em relação à morte do cidadão ucraniano Ihor Homeniuk, nas instalações do Serviço de Estrangeiros e Fronteiras (SEF).
Em Bruxelas, o primeiro-ministro abriu uma exceção para discutir assuntos internos com os jornalistas, para "que não haja a menor das dúvidas". "Assim que houve notícia do caso, mandou [Eduardo Cabrita] abrir um inquérito, e o inquérito que mandou abrir foi o que permitiu apurar a totalidade da verdade. Comunicou imediatamente às autoridades judiciárias para procederem criminalmente. E assegurou com a Provedora de Justiça um mecanismo ágil para poder ter feita a reparação devida à família por este ato bárbaro que ocorreu por parte de uma força de segurança”, defendeu António Costa.
Ainda acrescentou que o Ministro da Administração Interna “tem já pronta a reforma da polícia de fronteiras que sofrerá uma reforma profunda por forma a ajustar não só àquilo que é a necessidade de haver um respeito escrupuloso pela liberdade democrática e dos direitos humanos, mas também para dar cumprimento a uma medida já prevista no programa do Governo – anterior a este caso – que era haver uma separação total entre as funções policiais e as funções de gestão administrativa dos estrangeiros residentes em Portugal".
O ónus da demissão de Eduardo Cabrita está, como o mesmo referiu, na decisão de António Costa. Ontem, no fim do Conselho de Ministros, o ministro da Administração Interna afirmou que “tal como estou aqui porque o senhor primeiro-ministro entendeu nessa altura tão difícil [em outubro de 2017] pedir a minha contribuição nessas novas funções, também relativamente a esta matéria só o primeiro-ministro lhes poderá responder”.
Na chuva de críticas e opiniões sobre os acontecimentos de 12 de março no SEF do Aeroporto de Lisboa, junta-se o Presidente da República, que deixou um grave aviso: "Se é um ato isolado, em que há determinados responsáveis, é uma coisa. Se é uma forma de funcionamento do SEF, é outra coisa". Se for esta última hipótese, é "muitíssimo mais grave" e "é isso que tem de ser apurado rapidamente".
“Levei um murro no estômago como nunca tinha levado na minha vida pública”, referiu Eduardo Cabrita para explicar a sua reação à notícia da morte de Ihor Homenyuk, em março. Augusto Santos Silva subscreve a expressão, dizendo que “sentimo-nos todos assim”.
Eduardo Cabrita vai ser ouvido no parlamento na próxima terça-feira, após um requerimento de audição feito pelo PSD e votado em unanimidade na Assembleia da República