“Isso é ser um travesti de direita” diz André Ventura a Tiago Mayan. “É um troca-tintas” admite o candidato da Iniciativa Liberal ao candidato do Chega. Estas foram as trocas de insinuações dos dois candidatos nos minutos iniciais do debate transmitido pela Sic Noticias.
O debate presidencial entre André Ventura e Tiago Mayan ficou marcado por acusações acesas e também por questões que são deliberadas pelo Parlamento e não principalmente pelo Presidente da República.
Para começar, Tiago Mayan Gonçalves disse que André Ventura é “um troca-trintas, que votou três formas diferentes”, xenófobo e racista, lembrando que “mandou uma deputada negra para a sua terra” e que quis “confinar uma maioria” da etnia cigana.
Ao responder Ventura admitiu que estava “estupefacto com alguém que chega aqui e diz ‘sou de direita mas coitadinhas das minorias’ isto é que é ser de direita?”, atirando de seguida a Tiago Mayan que o seu partido deveria chamar-se Esquerda Liberal em vez de Iniciativa Liberal.
O líder do Chega voltou a afirmar o seu “problema com a etnia cigana” ao dizer convictamente que não será o “Presidente de todos os portugueses, não vou ser dos portugueses pedófilos, dos que vivem à conta do sistema”. É neste momento que André Ventura diz que Mayan não é de direita, é um “travesti de direita”.
O assunto passou rapidamente de racismo para futebol, quando Tiago Mayan Gonçalves disparou o caso do Novo Banco e Luís Filipe Vieira no candidato do Chega e apoiante do Benfica: “Devia estar preocupado com o calote que o amigo Luís Filipe Vieira deixou no Novo Banco.”
A resposta de Ventura centrou-se na sua proposta de comissão de inquérito sobre o BES: “Tínhamos escândalos de financiamento de campanhas eleitorais nomeadamente do PSD que era o meu partido”.
De seguida, o debate presidencial saiu dos relvados diretamente para os aviões da TAP. “André Ventura quer pôr dinheiro na TAP, quer ser acionista da TAP”, afirma Mayan e ainda questiona: “É isto um liberal?”. Para o líder do Chega, a TAP é “uma empresa estratégica que ninguém nega” e que não está “disposto a deixar a TAP morrer”, indicando ainda que “o único partido que defendeu a ida da TAP ao Parlamento foi o Chega”.
Após o desacordo mutuo, os dois candidatos às presidenciais chegam a um consenso na matéria sobre o Estado de Emergência. Tiago Mayan Gonçalves criticou as medidas restritivas da pandemia, explicando que Portugal é “um país pobre” e que está a destruir a sua economia. A solução está em “testar pessoas, isolar”, defende o candidato da Iniciativa Liberal, que quer “fechar serviços, não fechar pessoas”.
A poucos momentos de terminar o debate, Tiago Mayan ainda ataca Ventura ao dizer que o candidato “despreza a democracia”. O líder do Chega tenta provocar, respondendo “Também são quantos? 1500?”. Este despique acaba quando Mayan Gonçalves admite que “nunca fará Governo com o Chega”.
O último assunto do debate dedicou-se ao apoio de Marine Le Pen à candidatura de André Ventura e ao episódio da Frente Nacional. O líder do Chega disse que Le Pen tem muitos luso-descendentes nos seus quadros. Estamos fartos de pagar a quem não quer fazer nada e quem vive à conta do Estado”, contornando a questão de outra forma.