Como o Nascer do Sol noticiou, no passado sábado, num restaurante discreto, no coração da capital, Marine Le Pen, líder da extrema-direita francesa, reuniu-se à mesa do almoço com a cúpula do Chega. Ladeada por André Ventura e Diogo Pacheco Amorim, vice-presidente do partido, Le Pen entrou na campanha para as presidenciais portuguesas a esbanjar simpatia e sorrisos face às lisonjas dos presentes. Ventura não escondeu a satisfação: "Estou muito feliz». E diz: «É um excelente pontapé de saída para a campanha, onde queremos ‘esmagar’ o PS, ficar em segundo e disputar a segunda volta com Marcelo Rebelo de Sousa".
No entanto, "na senda das notícias mais recentes que dizem respeito à situação pandémica que se vive em Portugal e na sequência da reunião com o senhor primeiro-ministro”, o Chega decidiu cancelar o comício presencial que tinha agendado para este sábado à noite, em Lisboa, e que “contaria com a presença de apoiantes da candidatura presidencial”. De acordo com um comunicado enviado às redações, o comício seria "meramente simbólico e apenas estarão presentes os elementos da comitiva que acompanha Marine Le Pen e os órgãos nacionais do Chega”. O encontro contou também com a presença dos “órgãos de comunicação social que já haviam confirmado a sua presença no evento”.
Porém, neste domingo, Pedro Pessanha, Presidente da Distrital de Lisboa do partido liderado por André Ventura, emitiu um comunicado via página oficial do Facebook. "Aguardei por uma explicação plausível, afim de evitar especulações quanto ao cancelamento do Jantar/Comício que faculto agora", começou por escrever, declarando que "manteve-se o jantar à última hora para a comitiva da Sra Marine Le Pen, do Dr André Ventura (órgãos superiores do partido convidados ou seus representantes apenas) e comunicação social autorizada", porém, "o jantar/comício para os militantes foi efetivamente cancelado".
Por outro lado, o dirigente avançou que "o mesmo cancelamento foi sugerido pela própria Marine Le Pen, que se encontra sobre pressão da comunicação social e autoridades face à situação pandemica atual", referindo que "também o CHEGA será sempre exemplo e face ao evoluir da pandemia nos últimos dias/horas, nos colocou decisões importantes e imperativas a tomar". No entanto, não deixou de aceitar que tal se tratou de "uma situação extremamente aborrecida, que lamentamos profundamente, para todos aqueles que não puderam ir, devendo agora o partido passar a página e seguir em frente, pedindo as mais sinceras desculpas mas conscientes que foi a decisão mais acertada".
"Esclarecemos ainda que o jantar de última hora foi da inteira responsabilidade da direção nacional e mandatário nacional da campanha presidencial do Dr. André Ventura", finalizou Pessanha.
Recorde-se que, este sábado, o boletim diário da Direção-Geral da Saúde para a pandemia revelou que haviam morrido mais 111 pessoas, o segundo maior número de que há registo, e existiam mais 9.478 novas infeções, juntando-se a estes valores mais 104 pessoas internadas devido ao novo coronavírus.