“Vou lançar em breve um novo projeto político”, anuncia Carlos Guimarães Pinto

Pode parecer estranho, mas tenho muito orgulho em que o partido não precise de mim para nada.

“Vou lançar em breve um novo projeto político”, anuncia Carlos Guimarães Pinto

Teve pena de não ter sido eleito deputado nas últimas eleições legislativas?

A nível pessoal e profissional estou hoje bastante melhor do que estaria se tivesse sido eleito deputado. Estou prestes a defender a minha tese de doutoramento, tenho projetos profissionais estimulantes e relativamente bem pagos e um equilíbrio na vida pessoal que dificilmente atingiria na política partidária. Nesse sentido, não tenho muita pena. 

Se estivesse no Parlamento teria hipótese de ter outro tipo de intervenção política…

Claro que se tivesse sido eleito poderia estar a ajudar o país e o partido de uma outra forma, o que me agradaria, mas o partido tem demonstrado que é suficientemente forte para não precisar de mim para crescer e contribuir positivamente para o país. 

Não acha que faz falta à Iniciativa Liberal?

Pode parecer estranho, mas tenho muito orgulho em que o partido não precise de mim para nada. É sinal de que tem alicerces fortes que continuam a ser solidificados. De qualquer forma, o meu compromisso com as ideias segue firme, mesmo afastado da política partidária. Em breve lançarei um novo projeto político.

Esse projeto é compatível com a Iniciativa Liberal?
O novo projeto tem uma componente política, mas não é partidário. Continuo a ser militante da Iniciativa Liberal.

Acredita que as ideias liberais podem vingar num país como Portugal, em que existe uma grande dependência do Estado?

Será difícil, claro. É um ciclo vicioso em que a pobreza gera dependência, que por sua vez gera mais socialismo, mais pobreza e mais dependência. Estamos nisto há demasiado tempo, mas acredito que hoje há cada vez mais pessoas a quererem quebrar esse ciclo. Cada vez mais pessoas entendem que só o liberalismo funciona.

Seria a solução, por exemplo, para os baixos salários?

Sem dúvida. Não é por acaso que nos países economicamente mais liberais, os salários são mais altos. Por muito que os socialistas nos queiram fazer acreditar no contrário, não é por decreto ou vontade política que os salários sobem de forma sustentada. É apenas atraindo capital, tendo mais concorrência pelos mesmos trabalhadores e aumentando a produtividade. Se fosse apenas por vontade política, todos receberíamos um milhão de euros por mês. Só o liberalismo pode garantir salários mais altos de forma sustentada. Só o liberalismo funciona. Poderia dar mil exemplos disso.

Votaria a favor da despenalização da morte assistida se fosse deputado?

Em princípio, sim, mas dependeria do projeto de lei em causa. Nestes assuntos é preciso ser cauteloso para garantir que estão tapadas todas as possibilidades de uma decisão irreversível como esta ser tomada sob coação ou de forma inconsciente. 

Faria sentido a realização de um referendo?

Não. Compreendo o argumento de que os partidos não colocaram a questão nos seus programas eleitorais, mas uma decisão complexa deste tipo não se pode resumir a uma questão binária de referendo. Esta decisão exige o tipo de estudo e trabalho que só legisladores com tempo, acesso a informação detalhada e legislação comparada podem fazer. Os próprios proponentes do referendo [chumbado, na Assembleia da República, em outubro] demonstraram isso com a pergunta enviesada que propuseram.

É a favor ou contra a regionalização?

Sou a favor. É um modelo de governação que funciona bem na maioria dos países europeus e, mesmo em Portugal, a pequena parte da população abrangida por esse modelo não o trocaria por outro. A regionalização teria os seus problemas e custos de implementação, mas as vantagens superariam largamente os custos. 

Já assistiu a alguma corrida de toiros?
Sim.

As touradas deviam acabar, como propõe o PAN?

Dentro da arena devem vigorar as mesmas leis que fora dela. Se fora da arena é proibido torturar animais, dentro dela também deveria ser. Se encontrarem alternativas para os espetáculos que não passem pela tortura dos animais, não vejo porque as proibir.