Foi com enorme perplexidade que tomámos conhecimento de que, no artigo de opinião do cronista João Lemos Esteves publicado no jornal Nascer do Sol do passado dia 1 de janeiro de 2021, intitulado “EUA/Portugal: que Lacerda Machado nem pense em passar informações ao Partido Comunista Chinês!”, é feita uma alusão à Fundação Oriente como fazendo parte da rede de influência do Partido Comunista Chinês em Portugal.
Não se compreende se tal afirmação se deve a desconhecimento ou a provocação, tal é a inverosimilhança com a realidade. Ao fim de mais de 30 anos de existência, com uma actividade intensa, reconhecida e independente, as origens da Fundação são sobejamente conhecidas do público em geral e nada têm a ver com o Partido Comunista Chinês.
Na realidade, a Fundação Oriente foi instituída pela Sociedade de Turismo e Diversões de Macau (STDM), como contrapartida à concessão, em regime de exclusivo, da exploração do jogo em Macau até 31 de Dezembro de 2001.
A renegociação do Contrato para a Concessão do Exclusivo da Exploração dos Jogos de Fortuna ou Azar que teve lugar em 1986 entre o Governo de Macau e a Sociedade de Turismo e Diversões de Macau (STDM) incluiu numerosas contrapartidas importantes para o Território, nomeadamente o financiamento de grandes projectos de infra-estruturas cruciais, como o aeroporto, os novos aterros, uma nova fábrica de tratamento de resíduos, etc. E incluiu também uma Cláusula, por sugestão e iniciativa do Dr. Stanley Ho, que previa uma dotação para uma fundação que tivesse por finalidade a promoção de acções de carácter académico, cultural, científico, educativo, social e filantrópico.
Assim surgiu a ideia da criação de uma fundação com a missão estatutária de contribuir para a preservação e para o desenvolvimento das relações históricas nas áreas da cultura, da arte e da educação, com a República Popular da China, mas também com outras regiões da Ásia onde se verificou a presença portuguesa, o que conduziu à constituição da Fundação Oriente em 1988.
No entanto, ao contrário do que o autor do artigo de opinião afirma, a Fundação Oriente foi durante muitos anos contestada pelas autoridades chinesas e alvo de negociações intensas. Daí resultou que, em 20 de Junho de 1997, após consultas de ambas as partes, e com a anuência da Fundação Oriente, o Grupo de Ligação Luso-Chinês, tutelado pelos Ministérios dos Negócios Estrangeiros de Portugal e da República Popular da China, tenha entendido que, com efeitos a partir de Janeiro de 1996, os rendimentos regulares previstos no contrato para a concessão do exclusivo da exploração do jogo no Território de Macau deixavam de ser atribuídos à Fundação Oriente e passariam a ser entregues a uma nova fundação, a constituir em Macau. Terminou deste modo a ligação que, desde 1988, unia a Fundação Oriente ao contrato do jogo em Macau.
A Fundação Oriente sempre se pautou pela maior isenção em termos políticos, seja a nível nacional seja estrangeiro, pelo que vimos repudiar esta afirmação do Senhor João Lemos Esteves, esperando ter contribuído desta forma para um esclarecimento cabal da infundada alusão do referido cronista.
O Gabinete de Comunicação
Fundação Oriente