Tem 14 anos, é natural de Leiria e está nos primeiros lugares da grelha de partida entre os principais jovens promessas do automobilismo português. Ivan Domingues ( Lennox Racing Team) deixou Portugal e mudou-se no final do último verão para Itália, para continuar a acelerar a fundo no seu grande objetivo: chegar à Fórmula 1 no prazo de 5-6 anos.
Começou no karting aos 8 anos, depois de ter ido com o pai e o irmão mais velho à Euroindy. Neste primeiro contacto com a modalidade Ivan lembra-se mesmo de o pai, Manuel Domingues, os ter desafiado a atingirem determinados objetivos a ver quem ganhava uma recompensa: acessórios habitualmente usados para a prática da modalidade. Apesar de ser mais novo, Ivan conquistou todos prémios, do capacete às luvas. Aos 9 anos, iria participar no seu primeiro campeonato de Portugal e pelo caminho conquistou por três vezes consecutivas a Taça de Portugal de Karting – em 2019 e 2018 na categoria Júnior, depois de já ter vencido na categoria Juvenil (2017).
Com uma base bem estruturada para atingir a meta a que se propõe, Ivan viajou para o país transalpino juntamente com Bruno Lisboa, antigo campeão nacional de karting e treinador do jovem leiriense. «Estamos a ficar cada vez mais profissionais. Para o Ivan é uma nova vida: escola nova, uma língua diferente. Para mim igual, uma adaptação a tudo. Saímos os dois de Portugal, sozinhos», explica o técnico que acompanha Ivan há seis anos, quando a aventura começou.
Embora os últimos meses do ano tenham sido atípicos, Ivan descreve-nos a sua rotina em solo italiano: «De manhã vou para a escola – saio às 15h30 -, e vou três dias por semana correr nos karts. Também tenho um personal trainer, com quem vou treinar a parte física juntamente com outro piloto». Diz estar rodeado dos melhores, dos quais faz também parte o coach brasileiro Alex Paxeco, que criou o Método Ação e Poder e que trabalha, entre outros, com o piloto de MotoGP Miguel Oliveira. Alex foi inclusive à Áustria a convite do motociclista almadense, num fim de semana que ficaria marcado pela histórica vitória do piloto português no GP Estíria. «O Miguel é o melhor piloto de Moto GP da atualidade», assegura, antes de prever êxitos igualmente grandiosos para Ivan.
«Quantos jovens têm coragem para fazer o que ele [Ivan] fez? Sair, estar longe da família… o Cristiano Ronaldo fez isso e chegou a melhor do mundo; o Ivan está nesse processo e tem tudo para chegar a melhor do mundo», garante Alex. O treinador tem como objetivo fazer com que as pessoas percebam todo o potencial que têm na sua área. «O Ivan é um craque. O talento está nele. Só é preciso harmonizar tudo o que está à volta para trazer à tona todo o talento que tem – e potenciar o que tem de melhor», continua, antes de deixar uma garantia: «[O Ivan] Tem todo o talento e toda a possibilidade de chegar à Fórmula 1. Só depende dele».
Em 2019, o jovem piloto luso fez a sua estreia no Campeonato da Europa de Karting FIA e, já no último suspiro de 2020, no passado mês de dezembero, correu pela primeira vez numa etapa do Campeonato do Mundo CIK/FIA, inicialmente prevista para acontecer no Brasil, mas, devido à pandemia de covid-19, a prova foi transferida para o Kartódromo Internacional do Algarve, em Portimão.
O plano de Ivan Domingues está bem traçado: 2021 deverá ficar assim marcado pelo último ano em que compete na categoria karting, além de começar a testar nos simuladores de fórmula 4 – algo que já poderia até ter começado em 2020 não fosse a pandemia ter obrigado a algumas alterações. «O paddock do karting é extremamente profissional. A Sauber, Ferrari ou McLaren estão cada vez mais inseridas neste mundo porque é precisamente aqui que começa tudo. Hoje, qualquer piloto que esteja na Fórmula 1 passou pelo karting», relembra Bruno Lisboa. Em 2022, a meta primordial para o leiriense passa então por integrar a tempo inteiro a Fórmula 4, seguindo-se a partir daqui o percurso natural até atingir a classe rainha do automobilismo.
«O objetivo passa por continuar sempre a estar junto de pessoas que possam trazer ainda mais valor ao projeto, de forma a atingir a meta. Jamais ponho pressão no Ivan. A mensagem que lhe passo sempre é para ele se divertir na pista. As coisas nem sempre correm bem. E, se o discurso é outro – ‘Tens que ir, tens que fazer isto ou aquilo’ –, acho que tem tudo para correr mal. Tem que ir para a pista sem pressão, para se divertir. Com pressão tudo fica mais difícil», diz o pai, Manuel Domingues.
Também Ivan se mostra confiante do caminho escolhido: «As pessoas têm que acreditar nos sonhos delas. E para fazer acontecer têm que trabalhar. Muito».