Todos os restaurantes a nível nacional estão impedidos de abrir portas como medida de mitigação para a pandemia de covid-19 mas o mesmo não acontece com o restaurante do Parlamento. Face a esta ‘exceção’, a União de Restaurantes do Minho interpôs esta quinta-feira uma providência cautelar contra a Assembleia da república e contra a Nordigal – Indústria de Transformação alimentar.
“Como é do conhecimento publico, temos assistido a um aumento galopante do número de casos e suas consequentes mortes. Fruto desse aumento, o Governo decidiu limitar a atividade da restauração e, por conseguinte, a dos nossos associados”, começam por dizer, em comunicado, os empresários do Minho.
A mesma nota acusa que, numa altura em que os restantes espaços de restauração estão fechados, “o restaurante da Assembleia da República, propriedade da mesma, mas explorado pela Nordigal, pode funcionar em pleno nos dias de Assembleia, de forma a aconchegar os estômagos dos exmos. srs. deputados presentes”.
O facto de este espaço estar aberto já tinha sido justificado pelo secretário-geral da Assembleia da República, Albino de Azevedo Soares: “Com vista a responder, durante o mês de janeiro, às necessidades, em particular, de deputados que, estando deslocados, têm dificuldade em encontrar soluções para jantar, a Assembleia da República estabeleceu acordo com a concessionária do restaurante dos deputados no Palácio de São Bento para que, durante o mês de janeiro, esse restaurante possa estar aberto para jantar, às terças-feiras, quartas-feiras e às quintas-feiras – caso sejam agendados trabalhos parlamentares”.
Mas a União de Restaurantes do Minho não aceita a justificação. “Entendemos que os exmos. srs. deputados não são, nem mais nem menos, que todos os outros trabalhadores que procuram um restaurante para satisfazer exatamente as mesmas necessidades”, escrevem na nota.
“Por uma questão de justiça e equidade, se os restantes trabalhadores têm que encontrar outras soluções para se alimentar, se nós temos que encerrar e assim ficarmos privados do nosso ganha-pão, nem os deputados são mais do que os restantes trabalhadores, nem é justo que haja um restaurante privilegiado”, disse à Lusa, Tiago Carvalho, representante da associação.