André Ventura arrecadou 14,5% dos votos no município de Cascais nas presidenciais de domingo. Com esta votação, o Chega passa a ser uma séria ameaça à renovação da maioria absoluta pela coligação PSD/CDS liderada Carlos Carreiras.
Em declarações ao Nascer do SOL, o presidente da Câmara de Cascais deixou claro que pretende impor um «cordão sanitário» ao Chega no município. Mas o seu vice-presidente, Miguel Pinto Luz, não se mostra tão fechado a um entendimento com o partido de André Ventura.
Carreiras defendeu que «não existem dúvidas que não fazemos parceria ou acordo com forças extremistas radicais, da esquerda ou da direita», frisando ainda que em Cascais existe «uma coligação entre independentes, PSD e CDS que tem funcionado bem e não há razão para alterar esse tipo de acordo e de formulação do governo»’.
Miguel Pinto Luz não é tão taxativo. Questionado pelo Nascer do SOL, remeteu para as declarações que fez aos jornalistas em janeiro de 2020, nas quais defendeu não excluir «nenhuma força partidária que esteja representada no Parlamento».
A ideia não coloca, no entanto, dúvidas a Carlos Carreiras, que defende que não tem «qualquer tipo de discrepâncias ou dissonâncias com Miguel Pinto Luz». E clarificou: «O líder da coligação, é mais do que evidente, está na presidência da Câmara e em nenhum outro local, e nestas matérias assumo tanto a responsabilidade com a autoridade».
O atual presidente da CM Cascais disparou ainda um outro argumento contra a possível coligação com o Chega: «Em Cascais os poucos dirigentes do Chega que se conhecem são ainda mais radicais do que o próprio líder do partido e isso afasta qualquer acordo pré ou pós eleitorais da coligação Viva Cascais com este partido».
Carreiras referia-se, por certo, a Diogo Pacheco de Amorim – considerado o principal conselheiro de Ventura, historicamente ligado aos ultraconservadores de direita. Mas outro dos homens-fortes do Chega no concelho é um ex-militante socialista: João Rodrigues dos Santos (que não tem qualquer laço de familiariedade com o líder do CDS, Francisco Rodrigues dos Santos, tratando-se, sim, do irmão do jornalista da RTP, José Rodrigues dos Santos).