Por Teresa Candeias, diretora da Licenciatura em Gestão da Universidade Lusófona do Porto.
Habitualmente, o ano começa com a esperança de que o ano vindouro seja melhor. Ora janeiro trouxe uma enorme desilusão. Importa compreender como foi possível, em pouco tempo, assistirmos a um aumento sem precedentes dos indicadores de novos contágios e de fatalidades. Para tal, é inevitável voltar à estratégia. As empresas, podem desenvolver estratégias reativas, proativas ou ambas. No primeiro caso, a sua formulação depende do contexto, tendo como objetivo acomodá-la da melhor forma às alterações verificadas no mesmo, sendo a palavra de ordem adaptação.
Por contraponto, a estratégia proativa assenta na antecipação, o que implica especial atenção às transformações e tendências de longo prazo e à construção de cenários. Apesar das diferenças, nenhuma delas deve ser preterida. As empresas proativas não abdicam de ações reativas, conseguindo encontrar um equilíbrio entre ambas. O problema reside nas que agem, apenas, de forma reativa, ficando obcecadas com as respostas de curto prazo, negligenciando a mudança.
Será possível estabelecer um paralelo entre a atuação das empresas e do Governo para justificar a situação que vivemos. Na época do Natal, por decisão política, assistiu-se ao abrandamento das medidas de prevenção e de controlo que se traduziu, inevitavelmente, na transmissão de uma mensagem errada, ao permitir um maior contacto entre as pessoas e cujos resultados não tardaram em aparecer. Com os indicadores a disparar, assistimos a uma discussão em torno da adoção de medidas mais restritivas. Voltaram as reuniões com especialistas e ouviram-se os profissionais de saúde que vaticinaram o pior cenário: a rutura do SNS. Ao invés de optar por adotar medidas idênticas às de março, as medidas anunciadas foram designadas confinamento light e não refletiram os resultados esperados. Depressa surgiu a discussão em torno do fecho das escolas, tendo o governo considerado desnecessário o seu encerramento. Poucos dias depois, viu-se obrigado a alterar a decisão. Aqui chegados importa que nos questionemos: terá sido o Governo reativo ou proativo nestas decisões?
Caberá a cada um avaliar a governação e o estado atual da nação. O seu resultado reflete-se, na evolução da pandemia e, mais tarde ou mais cedo, na vida de todos os portugueses. A derrota no combate significa o aprofundamento, não só da crise que se vive no setor da saúde mas também da crise social e económica que se avizinha. Não foi por acaso que o reeleito Presidente da República determinou, no seu discurso, o combate à pandemia como desígnio nacional constituindo um alerta para a mobilização de toda a sociedade. Sejamos proativos.