O confinamento geral já começou a dar resultados, mas é para manter e pode durar até meados de março. O primeiro-ministro anunciou que “os elevados níveis da pandemia requerem o prolongamento do atual nível de confinamento e que é necessário continuar a investir na testagem massiva e na capacidade de rastreamento”.
É certo que as restrições são para manter durante este mês de fevereiro. Após a reunião com os especialistas, no Infarmed, a ministra da Saúde admitiu que poderá ser preciso prolongar o confinamento até meados de março. “É bastante evidente que o atual confinamento tem de ser prolongado por mais tempo e, desde já, durante o mês de fevereiro, e depois sujeito a uma avaliação mas, provavelmente, por um período que os peritos estimaram como 60 dias a contar do seu início”, afirmou Marta Temido.
O Presidente da República já começou a ouvir os partidos, por videoconferência, sobre a renovação do estado de emergência. Marcelo Rebelo de Sousa vai ouvir esta tarde o Partido Socialista, PSD, Bloco de Esquerda e PCP.
O PSD deverá voltar a apoiar a renovação do estado de emergência, mas acusa o Governo de não ter agido a tempo. “Como se viu, por não se ter agido a tempo, ou se ter sido frouxo como foi este Governo, possivelmente este confinamento, dito pelo próprio primeiro-ministro, vai prolongar-se até ao fim de março, o que tem efeitos graves na economia portuguesa”, afirmou Maló de Abreu, deputado e dirigente do PSD, depois da reunião com os peritos.
O social-democrata lamentou que o Governo não tenha “tomado medidas melhores atempadamente” e tenha ignorado as propostas do PSD no sentido de realizar mais testes. “Vacinar o mais rapidamente possível e testar maciçamente os portugueses: é no conjunto destas duas ações que reside o segredo do sucesso”.
O PS garantiu que “a redução que se está a verificar significa que o confinamento tem produzido os resultados que se esperavam”. Pedro Cegonho, deputado socialista, defendeu que “face à delicada e exigente situação que a frente hospitalar ainda atravessa, é necessário manter a resiliência das medidas”.
Inaceitável, diz PCP
Os comunistas consideraram inaceitável “manter o confinamento até final do mês de março”. Jorge Pires afirmou que o Governo “despreza todas as consequências no plano económico, social e também de saúde, em geral, dos portugueses”. Para o PCP. ficou claro na reunião com os especialistas que “uma das formas mais eficazes de combate à epidemia é avançar o mais rápido possível com o processo de vacinação, envolvendo todos os portugueses”.
República das bananas
Marcelo Rebelo de Sousa ouviu esta terça-feira o CDS, Iniciativa Liberal, Chega, PAN e PEV. Francisco Rodrigues dos Santos defendeu, após a reunião, que é preciso “testar mais e rastrear melhor”.
O presidente do CDS aproveitou para fazer duras críticas ao processo de vacinação. “Este clima de desconfiança, em que tudo parece uma república das bananas, em que as vacinas que sobram podem ser dadas à pessoa que tem um café ao lado ou ao vizinho do edifício onde está a decorrer a vacinação, tem de acabar”, disse.
O PAN admitiu que “é inevitável que as restrições de movimentos e contactos sejam uma realidade. Portanto, é necessário continuarmos com estas restrições. André Silva defendeu que o Governo deve renovar “algumas linhas de apoio como, por exemplo, para o setor da restauração”, bem como reduzir a burocracia no acesso aos apoios criados por causa da pandemia.
João Cotrim Figueiredo, dos liberais, também admitiu que é preciso manter as medidas restritivas, mas espera que, a partir do final de fevereiro, existam condições para “reponderar, com muita prudência, com muito rigor, o relaxamento de algumas das medidas”. A Iniciativa Liberal entende que a prioridade deve ser combater a desigualdade na educação e proteger a saúde mental.
André Ventura acusou o Governo de andar “a correr atrás do prejuízo”. O deputado do Chega, a seguir à audiência com o Presidente da República, considerou que podemos estar “a caminhar a passos largos para o precipício” devido aos efeitos da pandemia na economia e defendeu a “reabertura, de forma progressiva”, do ensino presencial, pequeno comércio, hotelaria e restauração.