A proposta do PSD para adiar as eleições autárquicas para dezembro dificilmente terá sucesso. Os socialistas afastam esse cenário e mesmo dentro do PSD há autarcas que querem as eleições em setembro ou outubro, como previsto.
O PSD apresentou esta sexta-feira um projeto-lei com o propósito de adiar as eleições autárquicas por 60 dias. Rui Rio, líder do partido, justifica a proposta com a pandemia como pano de fundo, alegando que as campanhas eleitorais seriam prejudicadas. «Eu pergunto como é que, numas eleições autárquicas, se consegue fazer campanha sem poder contactar as pessoas», questionou Rio. «Se 70% da população já estiver vacinada a 31 de agosto, uma previsão à qual sou muito cético, e as eleições forem marcadas para 20 e tal de setembro, só haverá 20 dias para campanha, o que me parece manifestamente pouco para umas autárquicas», frisou.
As autárquicas são marcadas pelo Governo, que não alinha com o adiamento. O PS, pela voz de José Luís Carneiro, acusou Rio de, com esta proposta, mostrar que «está mais preocupado em encontrar solução para as dificuldades internas do seu partido do que propriamente com o decurso regular dos atos eleitorais». O presidente da Câmara Municipal de Gaia, Eduardo Vítor Rodrigues (PS), em declarações ao Nascer do SOL, classifica mesmo a ideia como «um erro crasso que não faz sentido nenhum».
A ideia não é nova. Pedro Santana Lopes foi uma das primeiras vozes a sugerir o adiamento. Santana Lopes, em entrevista ao DN, defendeu que «as eleições autárquicas devem ser adiadas e devíamos tratar disso com tempo», relembrando as presidenciais de janeiro deste ano. «É uma questão de bom senso elementar, para não acontecer como as presidenciais, em que chegamos e começou toda a gente a dizer que poderia ser adiada», afirmou ao Nascer do SOL.
O adiamento das autárquicas mereceu, esta semana, o apoio das distritais da Guarda e de Viana do Castelo. O presidente da distrital de Lisboa, Ângelo Pereira, também apoia a proposta de Rui Rio: «É hora de colocarmos os interesses do País à frente das conveniências partidárias».
Não é, porém, consensual no partido que seja uma boa solução. Carlos Carreiras, presidente da Câmara de Cascais, confessa ao Nascer do SOL ser «contra o adiamento das eleições, e ser a favor de que se realizem no primeiro domingo indicado, ou seja, a 26 de setembro».
O autarca de Cascais avisa que a proposta do de Rio Rio «poderá dar a ideia que o PSD não tem as coisas preparadas para apresentar candidaturas e por isso pede adiamentos, e isso não me parece positivo para o partido».
Ribau Esteves, presidente da Câmara Municipal de Aveiro, também assertivo sobre a proposta: «O meu pressuposto de base é que neste quadro, com uma evolução pandémica favorável, que irá descendo daqui para a frente, as eleições devem ser quando estão marcadas».