Um estudo realizado por uma equipa de investigadores de França e da China revela que 53% das bacias hidrográficas do mundo sofreram grandes alterações, nomeadamente nas regiões temperadas.
A investigação publicada, esta quinta-feira, na revista Science avaliou as mudanças da biodiversidade devido ao impacto da atividade humana nos últimos 200 anos em 2.456 bacias hidrográficas do mundo.
Para medir as mudanças numa determinada área, os investigadores usaram um índice baseado em seis indicadores de biodiversidade, classificadas numa escala de pontuação de 0 a 12, sendo que o valor mais elevado aquele que demonstra maiores impactos humanos na natureza. Já a pontuação 6, a meio da classificação, assume já uma pequena alteração da biodiversidade.
As bacias hidrográficas menos afetadas são na maioria de pequenas dimensões, que ocupam apenas 13,4% da superfície total da bacia hidrográfica mundial. Localizam-se na região afro tropical e na Austrália e sustentam 2.876 espécies, cerca de 21,7% da fauna piscícola do mundo.
Os investigadores também repararam que a conservação de diversidade de peixes de água doce apenas nos rios menos impactados pelo Homem está abaixo dos objetivos de proteção de espécies que as organizações ambientais defendem, sem esquecer que as regiões mais afetadas também têm de ser protegidas.
O estudo ainda assinala que embora os rios e os lagos cubram menos de 1% da superfície do planeta, estes também suportam uma componente substancial da biodiversidade da Terra, nomeadamente um quarto dos animais vertebrados.
São os sistemas de água doce que dão apoio ao funcionamento e à estabilidade de variados ecossistemas, incluindo os que colaboram para o bem-estar humano.
As ações que prejudicam a biodiversidade da água doce e que ameaçam os sistemas fluviais são a sobrepesca, a introdução de espécies não nativas, a poluição, as construções nos rios e as alterações climáticas.