O presidente da comissão executiva da TAP, Ramiro Sequeira, admitiu esta terça-feira, no Parlamento, que a companhia aérea “não pode continuar sem aplicar as reduções" na massa salarial em março e abril. E, como tal, voltou a alertar os sindicatos que o regime sucedâneo na empresa vai ter mesmo avançar no próximo mês, caso os acordos de emergência estabelecidos não sejam ratificados pelos trabalhadores.
Numa leitura do situação atual, Ramiro Sequeira anunciou que a TAP suspendeu 93% da operação em fevereiro, quando comparada com o mesmo mês do ano passado, e que março se prevê similar. “O mercado da aviação enfrenta a maior crise da sua história. Poucos setores de atividade terão sido mais impactados pela pandemia do que o da aviação. Milhares de empregos e milhares de milhões de euros de receitas foram perdidos”, afirmou o CEO da companhia, na comissão de Economia, Inovação, Obras Públicas e Habitação, na Assembleia da República.
O responsável recordou que as previsões da Associação Internacional de Transportes Aéreos (IATA na sigla em inglês) para este ano apontavam para uma redução das receitas de 60% e uma quebra de operação de 50%, com os níveis de 2019 a só serem recuperados em 2024, mesmo com a vacina. No entanto, “a verdade é que as primeiras semanas de 2021 e as previsões para os meses que se seguem contrariam as projeções já de si pouco animadoras”, lamentou.
Por tudo isso, os cortes serão inevitáveis: "A TAP não pode estar a voar 7% e ter uma dimensão e custos e continuar assim em março, abril. Não vai acontecer. E daí a questão do regime sucedâneo, que não é uma ameaça. É um mecanismo para pudermos garantir em duas frentes, perante Bruxelas, mas também perante a nossa realidade de sobrevivência, que conseguimos tomar as medidas necessárias para salvar a TAP. Isso é o regime sucedâneo. Não é uma ameaça, é uma alavanca que esperamos não ter de utilizar", disse Ramiro Sequeira.
Recorde-se que a TAP alcançou acordos de emergência com todas estruturas sindicais afetadas à empresa, mas há ainda duas – o Sindicato dos Pilotos da Aviação Civil (SPAC) e o Sindicato Nacional do Pessoal de Voo da Aviação Civil (SNPVAC) –, que representam os pilotos e os tripulantes de cabina, que ainda não ratificaram os acordos junto dos seus associados. As respetivas assembleias gerais chegaram a estar marcadas mas acabaram sendo adiadas. O SPAC anunciou nova votação para sexta-feira, dia 26, mas, entretanto, um grupo de cerca de 300 associados já veio contestar publicamente o acordo assinado por Governo, TAP e sindicato, anunciando a intenção de apresentar uma “terceira via” como solução.
Ainda esta terça-feira, o presidente do conselho de administração da TAP, Miguel Frasquilho, vai ser ouvido na mesma comissão parlamentar.