Com o país em confinamento é natural que a economia portuguesa se ressinta. Segundo com os últimos dados divulgados pelo Banco de Portugal (BdP), a atividade económica voltou a cair na primeira semana de março, uma queda ainda maior do que a verificada na semana anterior. Apesar do alívio durante as primeiras semanas de fevereiro, esta tendência inverteu-se no final desse mês e a degradação continuou no início de março. De acordo com os mesmos dados, a contração da economia nos primeiros três meses do ano está mais próxima da do quarto trimestre do ano passado do da do segundo trimestre, período do primeiro confinamento.
O indicador do banco central tem em conta várias informações, como tráfego rodoviário de veículos comerciais pesados nas autoestradas, consumo de eletricidade e de gás natural, carga e correio desembarcados nos aeroportos nacionais e compras efetuadas com cartões em Portugal por residentes e não residentes. Segundo o regulador, a utilização deste tipo de dados de alta frequência «intensificou-se na sequência da crise desencadeada pela pandemia ». Dado o «curto desfasamento» da sua divulgação face ao período de referência, permitem «identificar atempadamente alterações bruscas na atividade económica».
E as perspetivas não são animadoras. A estimativa da Comissão Europeia aponta para uma contração em cadeia do Produto Interno Bruto (PIB) português de 2,1% no primeiro trimestre deste ano, o que a concretizar-se será a maior queda entre os 27 Estados-membros. Já o Fórum para a Competitividade aponta para uma queda em cadeia de até 6%.
E a Europa?
Ainda esta semana, a Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Económico (OCDE) melhorou em 0,3 pontos percentuais a previsão de crescimento económico da zona euro, apontando agora para um aumento de 3,9% do PIB este ano. Este valor representa uma melhoria face às estimativas de dezembro. Ainda assim, apesar dos crescimentos económicos, as previsões para França e Itália pioraram face ao final do ano passado, ao registarem uma descida de 0,1 e 0,2% face a dezembro – França deverá crescer 5,9%, enquanto Itália deverá rondar 4,1%.
Para 2022, a OCDE também melhorou as perspetivas de crescimento do PIB, apontando para 3,8% na zona euro, uma subida de 0,5% face ao estimado em dezembro e prevê ainda que o crescimento económico mundial atinja os 5,6% em 2021 (+1,4%) e 4,0% em 2022 (+0,3%).
Já o G20 (grupo das economias mais desenvolvidas do mundo) deverá crescer 6,2% em 2021 (+1,5% face às previsões de dezembro) e 4,1% em 2022 (+0,4%), enquanto os Estados Unidos deverão crescer 6,5% em 2021 e 4,0% em 2022, o Reino Unido 5,1% e 4,7%, respetivamente, e o Japão 2,7% e 1,8% nos dois anos referidos.
Segundo a OCDE , «as perspetivas económicas mundiais melhoraram marcadamente nos últimos meses, ajudadas pela distribuição gradual de vacinas eficazes, anúncios de apoio orçamental adicional em alguns países, e sinais de que as economias estão a lidar melhor com medidas para suprimir o vírus».
No entanto, a organização liderada por Ángel Gurría refere que «há cada vez mais sinais de divergência entre países e setores», com o confinamento a «bloquear o crescimento em alguns países e no setor dos serviços a curto prazo, ao passo que outros beneficiarão de políticas de saúde eficazes, distribuição de vacinas mais rápida e forte apoio de políticas».