Júlia Fernandes, atual vereadora da Câmara de Vila Verde, vai ser a cabeça-de-lista do PSD às eleições autárquicas deste ano naquele concelho e a proposta levantou polémica nos diferentes setores políticos locais. O atual presidente da autarquia, António Vilela (PSD), foi recentemente condenado a três anos e meio de prisão com pena suspensa, bem como a perda do mandato. O caso remonta a 2009 e à atribuição de um cargo de chefia no departamento financeiro da autarquia, que terá sido influenciado pelo autarca, que acabou condenado por prevaricação. Agora, e com as eleições autárquicas à porta, é o nome de Júlia Fernandes – mulher de José Manuel Fernandes, antigo autarca do município e atual eurodeputado laranja – que surge na calha para a candidatura do PSD.
Acontece que o nome da vereadora está associado a vários casos polémicos na região, nos últimos anos, sendo arguida na operação Éter e estando alegadamente envolvida no eventual favorecimento de um jornal local, onde o irmão é principal redator. O jornal terá beneficiado de uma verba de 20 mil euros no ano de 2019 proveniente de fundos da Câmara de Vila Verde. Quando questionada sobre esta polémica pelo Nascer do SOL, Júlia Fernandes respondeu que «nenhum jornal recebe apoios da autarquia» e que as transferências entre a Câmara e o jornal se deviam, provavelmente, a processos de compra de espaço publicitário. Paulo Marques, líder da estrutura local do CDS, publicou no Facebook um post sobre a escolha, tecendo fortes críticas à atual vereadora. E aproveitou ainda para listar o currículo da candidata social-democrata. O centrista referiu acreditar que a autarquia passará a ser governada «a partir de Bruxelas, como se Vila Verde fosse uma espécie de couto pessoal dos Fernandes, ao sabor de compadrio e dos interesses pessoais, dando umas migalhas a alguns, escolhidos a dedo pela vassalagem e cumplicidade».
Marques não poupou nas críticas à candidatura de Júlia Fernandes, que acusou de vir a ser «a mão do jugo» do seu marido sobre os vilaverdenses. «Previsivelmente, será uma tragédia para os bolsos dos vilaverdenses», augura o centrista, que não será candidato nas próximas eleições, justificando com o seu «fracasso junto dos militantes do CDS em Vila Verde». Referiu ainda ter contactado a estrutura nacional do partido com um ano de antecedência, para preparar a sua campanha, mas não obteve qualquer resposta, o que o fez desistir.