Se a contribuição para a sociedade é hoje diferente da de há décadas atrás, também a preparação, formação e educação da população deve ser diferente. Não deveria ser necessário hoje refletir-se sobre um sistema de educação que é obsoleto, e que não é suficiente para capacitar um qualquer indivíduo para o seu dia-a-dia.
O mundo que rodeia o leitor está em aceleração crescente. O desenvolvimento tecnológico e da sociedade acontece diariamente, de forma mais frequente do que era realidade no passado. Para além disso, hoje esperam-se existir nas próximas décadas diferentes trabalhos, indústrias e desafios diferentes dos de há 10 ou 20 anos atrás. As necessidades individuais mudaram: hoje o bem-estar interior é mais prioritário, e é sentida uma maior importância envolto da remuneração imaterial, como o é o ambiente de trabalho, por exemplo.
Consequentemente, a preparação das crianças e jovens hoje, com os conhecimentos atualizados de hoje, para os desafios de amanhã, requer a capacitação dos mesmos para se auto-conhecerem: sem que alguém saiba lidar com os seus próprios desafios interiores, torna-se difícil fazê-lo para terceiros.
Para além disso, a atualidade requer aproveitar-se a sinergia entre diferentes seres com diferentes competências. Uma diferente combinação destas competências, inerente a todo e qualquer ser humano, valida a importância de se permitir que, no funcionamento e organização da sociedade, todos possam expressar-se na sua diferença.
Contudo, tais condições não estão ainda reunidas no sistema de educação português, especialmente no que ao ensino secundário e universitário diz respeito. Aí, os incentivos são para que, de forma generalizada, todo e qualquer aluno de uma instituição tenha uma experiência de aprendizagem semelhante. É privilegiado ser-se bom e conhecer-se um pouco de tudo em detrimento da especialização além-bases, focada nas competências e características em que cada aluno se diferencia e destaca. É nessa diferença que o aluno encontra a sua aptidão natural para se superar a si e aos seus pares, com relativa facilidade e sucesso.
Também é verdade que, durante a esmagadora maior parte das situações, o conhecimento é verificado através da capacidade do aluno para reproduzir a informação, em vez da sua capacidade para a aplicar. No final do dia, a aprendizagem e formação essencial acontece, ironicamente, já no mercado de trabalho, apesar de existir um momento mais concentrado e pensado para tal: o percurso académico.
Não querendo induzir o leitor em erro, julgo ser importante sublinhar que, apesar de obsoleto, existe valor na atual organização do sistema de educação. Verdade é que, melhor ou pior, os jovens se preparam minimamente para as aventuras que se seguem. Contudo, a estrutura atual implica inevitavelmente que exista um maior aproveitamento e desenvolvimento desses mesmos jovens neste período.
Se os seus jovens já atingem diariamente metas absolutamente extraordinárias, imagine-se o que farão com um sistema educativo ainda mais adaptado aos dias de hoje!