Assisti, sem nunca o perceber, a um próximo de Cavaco dizer muito mal dele. Mas como se tratava de uma pessoa que vivia feliz e dizer e fazer mal a quem podia, nem liguei muito.
Agora, vi tudo cair em cima do dito Cavaco, pelo rancor demonstrado contra o seu sucessor em Belém, não pelas afirmações polémicas, mas por ter saído logo a seguir à sua nova posse no Parlamento, sem o cumprimentar.
E afinal, a que se deverá este rancor? Não apenas à proximidade entre Marcelo e o Governo no combate à Pandemia. Portugal não está amordaçado, como disse Cavaco. E o tê-lo podido dizer é uma prova.
Mas dado o mau comportamento da democracia, talvez devesse está-lo, nos momentos em que se supõe fazer mais união do que desunião. Já se sabe que cada um tem uma teoria diferente para actuar em tempos difíceis e de crises. Mas o segredo é saber calá-lo, e evitar o ridículo.
Há alturas em que deve permanecer a união, como Cavaco devia saber melhor que ninguém. Depois, quando o problema estiver resolvido, logo pode – e talvez deva – vir a desunião. De resto, só se compreendem confrontos em situações muito graves, em que outras acções fariam diferenças claras e melhores, para a população em geral. E em que o Poder falha claramente. Não me perece ser ainda o caso. Nem o eleitorado, menos rancoroso e mais sabedor, o aceitaria, tendo em causa a Saúde Pública.