O Ministério Público (MP) de Santa Maria da Feira deduziu acusação contra uma mulher imputando-lhe a prática de dois crimes de homicídio qualificado e dois crimes de profanação de cadáver. Em causa está o homicídio de dois bebés recém-nascidos.
De acordo com uma nota divulgada pela Procuradoria-Geral Distrital do Porto, esta terça-feira, o MP considerou que foram recolhidos indícios suficientes de que “a arguida, encontrando-se grávida sem o desejar, decidiu ocultar o seu estado e manter a gravidez sem qualquer acompanhamento médico”.
“Entre as 35 e as 36 semanas da gestação, tendo entrado em trabalho de parto, na casa onde vivia, a arguida deu à luz duas crianças, com vida, às quais não prestou, ou solicitou que fossem prestados, quaisquer cuidados imediatamente após o nascimento. Ao invés, na execução do que já antes tinha planeado, não estimulou o choro, não tentou desimpedir-lhes as vias aéreas, antes as embrulhou e impediu de respirar, acabando por causar as suas mortes”, revela a mesma nota.
Segundo o MP, a arguida colocou as duas crianças num saco, no interior da mala do automóvel que utilizava habitualmente, “com o propósito de posteriormente as levar para outro local e se desfazer dos seus corpos, o que não veio a acontecer em virtude de terem sido encontradas por um terceiro que alertou as autoridades”.
De realçar que o caso remonta a janeiro de 2020, quando a PSP encontrou dois fetos, sem vida, dentro de um carro numa rua de Espinho, distrito de Aveiro. O alerta foi dado por um homem que passou pelo veículo.
Na altura, foi identificada uma mulher de 25 anos, presumível gestante, que se encontrava internada em unidade hospitalar.