A Síria lançou um míssil contra Israel, na quinta-feira, que explodiu perto do reator nuclear ultrassecreto nacional, um ataque que está a ser classificado como o mais grave entre Israel e a Síria dos últimos anos.
Segundo os militares israelitas, este ataque foi provavelmente um acidente, tendo atingido o alvo errado. Apesar de não existirem relatos de ferimentos, danos ou acidentes que justificassem as sirenes que se ouviram na área perto do reator, o exército israelita respondeu com ataques no país vizinho.
“Foi disparado um míssil terra-ar da Síria para Negev, no sul de Israel. Em resposta, o exército israelita bombardeou a bateria de onde o míssil foi lançado e outras baterias sírias de mísseis terra-ar”, disse o exército israelita, que revelou que a retaliação terá provocado ferimentos a quatro soldados e alguns danos materiais, apesar de as defesas antiaéreas da Síria terem conseguido intercetar e abater a maior parte dos mísseis.
A escaramuça pode não ficar por aqui. Segundo informações citadas pela BBC, Israel está a reforçar as suas defesas aéreas nos arredores da cidade de Dimona e do Mar Vermelho de forma a prevenir futuros ataques.
Apoio do Irão Apesar de o ataque não ter sido reivindicado, as autoridades israelitas acreditam que as ações de Israel aconteceram em conluio com o Irão.
A tensão entre o Israel e Irão continuam bastante altas, especialmente depois de, na semana passada, Israel ter sido acusado de sabotar a instalação de enriquecimento de urânio de Natanz, deixando subentendido que se registaram danos nas centrifugadoras. Já na altura o Irão tinha prometido “vingança”.
“Com esta ação, o regime sionista vingou-se do povo iraniano pela paciência e sabedoria que demonstrou enquanto aguardava pelo levantamento das sanções”, disse o porta-voz dos Negócios Estrangeiros do Irão, Said Khatibzadeh numa conferência de imprensa em Teerão.
O governo israelita não confirmou o envolvimento nesta sabotagem, mas uma rádio pública israelita citou fontes que afirmavam tratar-se de uma ciber-operação conduzida pela Mossad, os serviços secretos israelitas, escreve a Al Jazeera.
Israel está num longo conflito com estas nações. Desde que eclodiu a Guerra Civil na Síria, em 2011, o país governado por Benjamin Netanyahu tem realizado ataques surpresa rotineiros na Síria de forma a atacar forças iranianas e libanenas apoiadas pelo Hezbollah, organização política e paramilitar fundamentalista islâmica xiita, conhecido entre os seus membros como o “Partido de Deus”, que tem como principal objetivo atacar Israel.
“No contexto daquilo que tem acontecido nas últimas semanas, a alta tensão entre o Irão e Israel, em relação ao programa nuclear do Irão e o ataque de Israel às instalações em Natanz, existe uma preocupação imediata que este pode ser o próximo passo neste conflito obscuro e que pode vir a piorar”, escreveu Harry Fawcett, jornalista da Al Jazeera.