O PS não deixou as críticas de João Cravinho sem resposta e acusa o ex-ministro socialista de estar com “a memória um pouco afetada”. O responsável, que apresentou um conjunto de propostas para combater a corrupção, em 2006, disse que “a visão política de José Sócrates como primeiro-ministro e secretário-geral do PS era de não combate à corrupção”.
Numa entrevista à SIC, o ex-ministro de António Guterres classificou a posição do partido, nessa altura, em relação às propostas que apresentou, como “inconcebível”.
Cravinho, entrevistado no programa Polígrafo, defendeu ainda que o PS tem de “olhar o passado sem contemplações”, numa referência à forma como o partido deve lidar com o processo judicial do ex-primeiro-ministro, José Sócrates. “Há comportamentos absolutamente inadmissíveis para qualquer cidadão decente, ainda mais para um socialista com a responsabilidade máxima no partido”, acrescentou.
As críticas de João Cravinho não ficaram sem resposta. “Deve estar com a memória um pouco afetada”, disse, na TSF, Constança Urbano de Sousa.
A vice-presidente do grupo parlamentar do PS argumentou que o PS esteve na linha da frente do combate à corrupção e que as medidas de João Cravinho foram quase todas aprovadas. “Desde há muitos anos, há décadas, diria eu, quase praticamente toda a legislação que nós temos hoje no domínio da luta contra a corrupção foi aprovada pela mão do Partido Socialista”, afirmou.
A deputada do PS garantiu que, “mesmo durante o Governo de José Sócrates, o chamado pacote Cravinho foi praticamente todo concretizado. A única medida que não foi aprovada e o PS não apoiou foi o enriquecimento ilícito por considerar inconstitucional, o que foi confirmado duas vezes pelo Tribunal Constitucional”.
A forma como o partido deve encarar o caso Sócrates está longe de ser pacífica entre os socialistas. Ana Gomes defende, há muito tempo, que o partido devia fazer uma reflexão sobre o envolvimento do ex-líder neste processo judicial. “O PS e os seus dirigentes continuam a não quer assumir que é preciso fazer uma autoanálise e uma autocrítica, até para efeitos preventivos”, disse, recentemente, numa entrevista à Rádio Renascença.
Pedro Delgado Alves, deputado e ex-líder da JS, também defendeu que o partido deveria fazer uma reflexão e uma autocrítica sobre a ação de José Sócrates.
O ex-primeiro-ministro respondeu às críticas dos socialistas no seu último livro chamado Só agora Começou e acusa a direção de António Costa de se juntar à direita “na tentativa de criminalizar uma governação”.
Numa entrevista á TVI, após a decisão instrutória da Operação Marquês, foi mais longe e classificou as declarações de Fernando Medina como “uma profunda canalhice”. O autarca de Lisboa afirmou que o comportamento do ex-primeiro-ministro “corrói a vida democrática”.