A solução hub Portela + Alverca assegura «um inovador sistema de dupla função que assegura competitividade da ligação ao centro». A garantia é dada ao Nascer do SOL por José Furtado. O especialista no setor e responsável pelo desenvolvimento desta alternativa avança que a ligação será feita através de um comboio automático que cumprirá o trajeto de 14,5 quilómetros em 12 minutos. «A partida será feita de quatro em quatro minutos, sem tarifa».
Um cenário que, de acordo com o responsável, é bem diferente das soluções que estão em cima da mesa: Alcochete e Montijo. «No caso do hub Portela + Montijo, o acesso é feito por barco (13km), mais + bus (4km), o que não é comparável com nenhum aeroporto europeu. Já o hub Alcochete dependerá de um acesso por comboio (ramal), com +/- 1 hora (viagem + espera) e elevado custo 15-17 euros», revela o documento, que já foi entregue no Parlamento e a que o nosso jornal teve acesso.
O estudo garante que «o hub Alverca-Portela será um aeroporto com fusão de terminais em Alverca e Portela mediante comboio automático que ao mesmo tempo leva os passageiros ao metro» e lembra também que as soluções aeroportuárias devem assegurar a competitividade com os diretos concorrentes, concluindo que só a solução Alverca-Portela é competitiva com Madrid em termos de acessibilidade (tempo-custo-conforto).
O mesmo documento chama a atenção para o facto de que esta solução, em termos de gestão aérea representa «um grande aeroporto, com um sistema de três pistas paralelas cujo canal aéreo tem uma envergadura semelhante aos dois grandes aeroportos de Tóquio, na extensão longitudinal é como hub Narita e na largura é como o doméstico Haneda».
Soma-se a estas vantagens, de acordo com o responsável, o facto de o hub Alverca estar operacional em dois anos e meio. Uma solução destas iria colocar a nova infraestrutura «em segundo lugar no ranking europeu e em nono lugar no mundial». Ao mesmo tempo, «as pistas desfasadas longitudinalmente melhoram a segurança nacional».
Redução de ruído
Tal o Nascer do SOL já avançou, a solução hub Alverca (longo-curso)/ Portela (médio-curso) correspondente a uma melhoria da saúde e bem-estar tanto no interior das casas como ao ar livre. «Com a nova configuração, os ganhos em saúde e bem-estar versus ano 2012 serão significativos para os habitantes de Lisboa-Loures sob as trajetórias de chegada-saída do aeroporto», alertou o documento.
E deu exemplos: nenhum habitante seria afetado por ruído à noite, o que representaria uma melhoria do bem-estar de 138.700 pessoas; o número de habitantes na abrangente curva de 55Db – valor considerado aceitável segundo a Organização Mundial da Saúde (OMS) para o ruído próximo do limite da área do aeroporto durante o dia – reduz de 124.300 para menos de 40 mil, ou seja, 1/3; e não abrange nenhum habitante dentro da curva de 70Db – volume em começa a ocorrência de sintomas e sérios danos à saúde – quando anteriormente eram 1.200 pessoas abrangidas.
Estes benefícios, segundo o mesmo documento, também se aplicam à vivência das pessoas ao ar livre. E admitiu que, apesar da Câmara Municipal de Lisboa ter vindo a melhorar a vivência da cidade com articuladas políticas ambientais que beneficiam a população, continua a existir grande exposição ao ruído aéreo.
José Furtado lembra ao nosso jornal que, acabar com os voos à noite, tal como tem sido defendido por Fernando Medina, é importante mas não chega. «É também preciso reduzir a frequência dos voos durante o dia e já não basta olhar apenas para o isolamento das casas. Lisboa é uma cidade com um excelente clima e isso é um dos principais fatores de atração do turismo. Hoje, os habitantes vivem muito mais a ‘rua’ e os turistas passeiam a pé e em autocarros descobertos». E acrescenta: «A pandemia acentuou ainda mais a tendência de usufruir o ar livre. Só com o expressivo recuo da soleira é possível baixar o ruído aéreo e isto é de especial importância mais perto do aeroporto onde os aviões passam já muito baixo – como é o caso do Campo Grande ou da Praça de Espanha».
José Furtado acredita mesmo que «qualquer medida que melhore a vivência de Lisboa e baixe o risco de acidente com consequências para os sobrevoados é incompatível com o extraordinário reforço da Portela. O aeroporto de Lisboa só sobrevive se for ‘citadino’».
O documento lembra ainda que a infraestrutura na Portela já estava saturada antes da entrada VINCI, em 2012, altura em que afetava 139 mil pessoas com o nível de ruído. «No ano anterior tinha atingido 14,8 milhões de passageiros com 143 mil movimentos, afetando 124.300 pessoas com o ruído na ponderação diária (dia-entardecer-noite), subindo para 138.700 pessoas só no período noturno (23h às 7h)».
Um número que subiu para 321 mil pessoas, em 2016. «Com a explosão do turismo lisboeta, no ano 2016 – o último ano com dados sobre o ruído com origem no aeroporto na Portela – registou-se uma subida de cerca de quarenta mil movimentos, com o número de pessoas afetadas pelo ruído subindo para 288.300, chegando no período noturno a 312.600», tal como já tinha sido avançado pelo Nascer do SOL.
E se o plano da VINCI é acrescentar no aeroporto da Portela 170 mil voos em relação aos que já existiam então esse número representa um aumento três vezes superior face ao que já tinha subido até 2016.
Face a este cenário, os promotores da solução não têm dúvidas: «A alternativa do concedente à solução VINCI é a única forma de Lisboa-Loures ter um futuro sustentável. A solução VINCI vai contra as boas práticas europeias na melhoria de vida dos cidadãos, com todos os hubs europeus que eram dentro da cidade a fecharem ou reduzirem o volume de tráfego, passando a aeroporto ‘citadinos’ só até médio curso. O aeroporto na Portela é o último dentro de uma cidade europeia».