Numa intervenção de quase 45 minutos, Rio subiu ao palco do MEL revelando que a organização finalmente o conseguiu convencer a estar presente e lançando um cumprimento especial a Pedro Passos Coelho. Seguiu ironizando: disse estar sossegado por não ver em lado algum uma placa a dizer “Congresso das Direitas”, pois tal significaria que teria de ser barrado. Foi assim que Rui Rio se apresentou ao MEL: deixando claro que o PSD não é de direita. Explicou que está ao centro, e que há quem esteja mais à Direita – CDS, IL, Chega – e à esquerda – PS, PCP, BE.
Ultrapassada a introdução, lançou o repto para o resto do seu discurso: “Que caminho Portugal deve seguir?”
Começou por falar em dois estrangulamentos: económico e político. Os económicos, explicou, “vêm de há muitos anos”. Explicou que a “troika nos salvou do abismo”, criticando o facto de não se ter melhorado as mazelas – “duas mais uma” – daí oriundas: em primeiro lugar, um “brutal endividamento externo”, culpando o “Estado” e a “banca”. Em segundo lugar, um “brutal endividamento público”. E qual é a “mais uma”? “Durante muitos anos nunca se cuidou da despesa pública, e atirou-se com dinheiro para cima da economia”, utilizando os exemplos das autoestradas e dos estádios de futebol. Depois, puxou a fita atrás e recorreu à história para sustentar que o “fraco crescimento com um endividamento galopante” são as razões que levam ao “atraso de Portugal”. Ainda recorrendo ao passado, fez o contexto governativo, afirmando que houve um governo chamado “troika” – o de Passos Coelho – que “ficou condenado por quem atirou o país para o abismo”, ou seja, o PS. Por fim, despediu-se da economia realçando o valor da “poupança” e afirmando que hoje, infelizmente, poupamos tanto como em 1960.
O líder do PSD avançou então para a “política”, sendo bastante claro: as medidas estruturais que considera serem necessárias para Portugal precisam de “acordos partidários alargados”. Considerou que o regime não conseguiu acompanhar a evolução “cada vez mais rápida” da sociedade e que, por isso, “enquistou”. Este “enquistamento”, explicou, leva a um “afastamento cada vez maior” das pessoas à política, pois olham-na com “descrédito”, sendo necessário regenerar “um contrato de confiança entre os cidadãos e a política”. Seguiu criticando a justiça (não se poupando a uma bicada a Moreira) e sugeriu a reforma do Estado em duas vertentes: a promoção de uma governação descentralizadora e a otimização dos recursos através de uma reforma nas instituições. No seu entender, estas reformas deverão surgir em busca de um objetivo fundamental: “prestigiar a política”. No final, recebeu uma enorme ovação ao dizer que o “PS não quer reformar nada” e que é a “corporização do Sistema”. Os socialistas, defendeu, “não querem contrariar o discurso do politicamente correto”, sendo esta a “arma dos interesses instalados e do imobilismo”.