Por Marta F. Reis e Vítor Rainho
As perguntas foram feitas dois dias depois dos festejos do título do Sporting em Lisboa no briefing dos concelho de ministros. 13 de Maio, o dia em que soube que a final da Champions seria disputada no Estádio do Dragão. A ministra de Estado e da Presidência, Mariana Vieira da Silva, garantiu que os 12 mil adeptos esperados com bilhetes viriam em voos charters, estando numa bolha. E questionada sobre o aconteceria a adeptos que se deslocassem à cidade fora da bolha para ver o jogo: «Obviamente que as pessoas que possam vir de avião cumprem as regras de segurança. O que importa é que as pessoas que são o público deste jogo, têm de entrar e sair em 24 horas, virem todas testadas e de não terem no fundo um contacto com a população em geral, é isso que significa estar em bolha, e não contribuírem para nenhumas alterações nos nossos níveis de incidência. Estas são as condições em que se realizará a final da Liga dos Campeões em Portugal».
A data chegou, os adeptos não vieram todos em bolha e também não vão entrar todos e sair em 24 horas. Quanto ao impacto, só será possível avaliar mais tarde – o concelho do Porto tem estado com a incidência de novos casos de covid-19 a baixar, e com uma situação epidemiológica mais confortável do que era já em Lisboa na altura da final do campeonato, mas não por muito. O concelho de Lisboa, que na última avaliação ontem disponibilizada pela Direção Geral da Saúde registava com uma incidência de 153 casos por 100 mil habitantes a 14 dias, quando o Sporting foi campeão estava nos 81 casos por 100 mil habitantes. O Porto tem tido uma redução de incidência mas regista, nesta última avaliação disponibilizada, 75 casos por 100 mil habitantes.
A maioria dos charters (80) chegam à Invicta este sábado. Afinal não são 12 mil adeptos no estádio mas 16 500, depois de a UEFA ter colocado à venda mais bilhetes. E além dos que vão poder ver a partida dentro do estádio, vão existir dois ecrãs gigantes instalados para que os adeptos possam assistir ao jogo em zonas delimitadas, fun zones, o que aconteceu por iniciativa da Juve Leo na final do campeonato em Lisboa sem organização oficial.
Em conferência de imprensa esta sexta-feira à tarde, a PSP não revelou quantos adeptos chegaram para assistir ao jogo ou pelo menos qual é a previsão. «São bastantes», disse Paula Peneda, comandante do Comando Metropolitano do Porto da PSP. As fun zones foram, aparentemente, uma decisão de última hora, já para mitigar possíveis danos maiores. «Foi uma discussão que tivemos em conjunto com o pouco tempo que tivemos. Os ‘fan meeting points’ têm espaço para albergar 6 mil adeptos de cada equipa, foi uma forma de termos as pessoas mais controladas», explicou a comandante.
Problema: o jogo começa às 20h. São os 90 minutos regulamentares, mais possibilidade de prolongamento e, se os jogadores não vierem testados mas igualmente inspirados, o jogo pode prolongar-se para lá das 22h30, hora de encerramento da restauração. Não foi aberta exceção para horários alargadas. A PSP garante que o dispositivo é apropriado à situação mas esta sexta-feira as queixas fizeram-se ouvir também por parte dos sindicatos. A Associação Sindical dos Profissionais da Policia denunciou que estão a ser chamados para a operação agentes que não estão vacinados, tendo sido notificados para responder se têm uma ou duas doses. Se tiverem apenas uma, terão de ser testados.
‘Não podemos estar num securitarismo excessivo’
Ao Nascer do SOL, o presidente da Câmara Municipal do Porto, Rui Moreira, não espera que haja um «risco por aí além» associado a realização da final. E diz mesmo:«Não pode haver um securitarismo excessivo. Há um ano estávamos chateados por estar na lista negra do Reino Unido, agora querem vir», diz, sublinhando o impacto positivo na restauração.
Moreira considera que as maiores dificuldades na operação poderão colocar-se precisamente com os horários de fecho, que não foram alargados. «Os próprios ingleses não percebem porque é que a partir das 22h30 está tudo fechado», revela. Para Rui Moreira, já existiria um risco de base associado à final, como existe habitualmente em eventos desta natureza: hooligans e terrorismo. A polícia inglesa está em Portugal para ajudar a identificar indivíduos problemáticos. Quanto à covid-19 em si, o autarca sublinha que tanto para entrar no estádio como na fun zone, vai ser exigido um teste rápido. O que para a maioria dos ingleses, que viajaram de avião, deve ser o segundo, depois de ser obrigatório para embarcar. «Não podem entrar na tribuna nem nas fun zones nem na tribuna vip sem teste. Também eu que já fiz as duas doses da vacina e vou para a tribuna vip no estádio irei fazer um teste rápido».
‘A boa vida no Porto’
Nos sites da imprensa tabloide britânica multiplicavam-se ontem durante a tarde as imagens de uma sexta-feira pré-duelo Manchester City-Chelsea na cidade do Porto, das provocações à polícia à boa vida no Porto, como podia ler-se numa legenda de uma fotografia de seis jovens de tronco nu a beber cerveja numa esplanada da invicta. Na quinta-feira à noite, o fecho dos estabelecimentos às 22h30 esteve na origem de desacatos. A polícia interveio, mas quanto ao uso de máscara na rua, que não é obrigatório no Reino Unido, não têm sido cobradas multas.