O presidente da Câmara Municipal do Porto, Rui Moreira, disse, esta segunda-feira, que a celebração do título do Sporting, em Lisboa, não é comparável nem se repetiu no evento da final da Liga dos Campeões, no Porto.
Rui Moreira foi confrontado pelos jornalistas após a reunião pública da câmara, com as declarações que proferiu a afirmar que no Porto não iria acontecer o mesmo que se passou em Lisboa, mas rejeitou comparações.
"E não se repetiu [o que se passou em Lisboa]. Em primeiro lugar, em Lisboa não houve uma final, não houve um evento desportivo, não houve criação de riqueza, e houve uma carga policial que eu vi, que os senhores viram e que aqui [no Porto] não vi. Portanto, não vi nenhuma utilidade naquilo. Acresce que, em Lisboa, aquilo que aconteceu, foi que a câmara municipal, que eu saiba, montou ecrãs de televisão. Eu não montei", apontou Rui Moreira.
O presidente da câmara assinalou que Portugal “tem as fronteiras abertas” e que os turistas britânicos “são livre de virem” para o país, seja para assistirem à final da competição europeia no estádio ou na Avenida dos Aliados, como aconteceu no passado sábado no Porto, ou para irem à praia da Oura (Albufeira) ou até ao Bairro Alto (Lisboa).
"Essas pessoas estão em livre circulação, algumas vieram mais cedo para a cidade [do Porto] e algumas ainda estão na cidade. É verdade que eles se concentraram na Ribeira. É verdade que não usaram máscaras. Comparar isso com qualquer outro acontecimento desportivo na cidade, incluindo aquilo que aconteceu há dois anos – bem sei que não havia pandemia -, mas em termos de desordens, houve muito menos desordens desta vez do que há dois anos ou [do] que há num [jogo entre] Sporting de Braga [e] Vitória de Guimarães", notou Moreira.
Para o autarca independente, o problema não está na vinda dos adeptos, “que foram testados três vezes”, e dos turistas, mas sim nas falhas cometidas pela Direção-Geral da Saúde (DGS).
"O que está mal não é propriamente terem vindo adeptos à cidade do Porto, o que está mal não é virem turistas. O que está mal não foi as pessoas andarem a fazer compras na cidade, o que está mal não foi pagarem os táxis, o que está mal não foi encherem os cafés, o que está mal não foi deixarem aqui, provavelmente, 50 milhões de euros. Não é isso que está mal", observou.
O presidente afirmou que a DGS continua a “impor” um “conjunto de proibições”, que “não se percebe”, como o horário da restauração, obrigando-nos a ter de concentrar, retirando receita” aos mesmos.
Segundo Rui Moreira, o que incomoda os cidadãos portugueses é o tratamento que as pessoas vindas de fora estão a receber, diferente daquele que está a ser exigido a quem vive no país, visto que não são permitidos, por exemplo, a assistir "a um jogo de andebol de um filho".
Em relação aos comportamentos observados no Porto durante o evento da Liga dos Campeões, para Rui Moreira, são iguais aos que acontecem noutras zonas do país. "Vão à [praia] Oura [Albufeira, Algarve], vão ao Bairro Alto [Lisboa] e encontram lá este tipo de comportamentos já hoje. Não querem? Querem fechar o país? Querem que não venham turistas?", frisou.
"Simpatizando eu, completamente, com o sentimento de repúdio que algumas pessoas têm, acham que o presidente da câmara [do Porto] tinha possibilidade ou justificação para dizer assim: isto no Porto, nós não queremos. Talvez o senhor Dr. Rui Rio, se fosse presidente do Porto, dissesse. Duvido", sublinhou Moreira.
Ainda em declarações aos jornalistas, Moreira deixou uma sugestão ao Presidente da República após as intervenções do mesmo, que afirmou que “não é possível dizer que [os adeptos] vêm em bolha” e isso não acontecer.
"O Presidente da República tem todas as condições para perguntar ao Governo porque é que, neste momento, os turistas ingleses podem vir a Portugal. Neste momento, os ingleses só podem viajar praticamente para Portugal. Porque não podem viajar para a maior parte dos países europeus. Estão a aproveitar. Não queremos? O senhor Presidente da República não quer? Então diga que não quer", indicou Rui Moreira.