Rui Moreira já decidiu e vai recandidatar-se à Câmara do Porto pela terceira e última vez. O presidente da Câmara do Porto vai anunciar a recandidatura na próxima quinta-feira, no Mercado Ferreira Borges, numa altura em que os socialistas estão em guerra e ainda não têm um nome para a segunda maior autarquia do país.
Depois de Eduardo Pinheiro, uma escolha de António Costa, ter rejeitado o convite, José Luís Carneiro anunciou que também não está disponível, apesar dos “apelos de muitos militantes, simpatizantes, cidadãos e instituições da cidade”.
O PS é o único dos principais partidos que ainda não apresentou candidato à Câmara do Porto e a forma como este processo foi gerido desagrada a muitos socialistas. “Correu tudo mal”, desabafa ao i um dirigente do PS.
A dificuldade em encontrar um candidato é explicada pelas guerras internas. Eduardo Pinheiro foi rejeitado pela estruturas locais. “O desconforto era tanto que ele percebeu que não tinha condições”, diz um socialista.
José Luís Carneiro, número dois do PS, era uma das hipóteses mais fortes desde o início, mas não tinha o apoio da distrital liderada por Manuel Pizarro.
As guerras entre Pizarro e Carneiro são antigas. Nas últimas eleições, o agora eurodeputado do PS chegou a acusar José Luís Carneiro de ter uma ideia “sectária e redutora” da vida política por ter discordado do apoio do PS a Rui Moreira.
Os socialistas, em 2017, decidiram abdicar de apresentar uma candidatura própria para apoiar Rui Moreira, mas o autarca independente acabou por romper o acordo.
José Luís Carneiro ainda ponderou avançar, após a desistência de Eduardo Pinheiro e depois de ter recebido muitos apoios vindos do PS/Porto, mas tornou pública a sua “indisponibilidade” durante este fim de semana. O i sabe que José Luís Carneiro falou com António Costa antes de tomar uma decisão. O líder do partido deixou claro que cabe agora à concelhia ou à distrital resolver este imbróglio.
A poucos meses das autárquicas, que se realizam em setembro ou outubro, e com os outros candidatos no terreno, a solução pode estar em Manuel Pizarro, líder da distrital que já se candidatou duas vezes à Câmara do Porto. Nas últimas eleições, em 2017, conseguiu mais de 28% dos votos.
Vítor Rodrigues, presidente da de Gaia, já assumiu publicamente que o eurodeputado do PS é a melhor solução. “Existe um conjunto de pessoas que tem muita vontade de o ver, até para corporizar um espírito de unidade. Na verdade, este é um processo desgastante, colocando em causa a imagem do partido no Porto”, disse, em declarações á TSF, o dirigente socialista.
Os principais candidatos já são conhecidos. O PSD aposta em Vladimiro Feliz, antigo vice-presidente da Câmara Municipal do Porto. O Chega escolheu António Fonseca, atual presidente da União de Freguesias do centro histórico do Porto, eleito em 2013 e 2017 pelo movimento independente de Rui Moreira.
À esquerda, Ilda Figueiredo é a candidata da CDU e o sociólogo Sérgio Aires é o candidato do Bloco de Esquerda. O CDS volta a apoiar a candidatura de Rui Moreira.
O caso Selminho tem dominado a pré-campanha eleitoral. PSD e Bloco de Esquerda defenderam que Rui Moreira não tem condições para se recandidatar. Na apresentação do candidato bloquista à autarquia, Catarina Martins defendeu que “uma autarquia não pode ser uma empresa de negócios”.
Rui Moreira vai mesmo candidatar-se a um terceiro mandato. Francisco Ramos, presidente do movimento independente, defendeu, em declarações à agência Lusa, que “esta gestão profissional de desempenho ímpar, conciliado com a menor dívida de sempre do município, é a maior garantia de uma cidade independente, livre, economicamente forte, criadora de emprego e riqueza, vibrante e sustentada”.
Citações
“Apesar de apelos de muitos militantes, cidadãos e instituições da cidade para que reponderasse a decisão relativa à candidatura à Câmara do Porto e depois de muito ponderar, reiterei à concelhia e federação do PS a minha indisponibilidade”
José Luís Carneiro, secretário-geral adjunto do PS
“Recebi com orgulho o convite para encabeçar uma candidatura à Câmara do Porto, contudo, após reflexão cuidada, declinei o convite”
Eduardo Pinheiro, secretário de Estado da Mobilidade