O presidente da Ryanair voltou a defender que o apoio estatal à TAP não é um investimento, mas impostos cobrados aos contribuintes “deitados na sanita” da companhia aérea e acusou o ministro Pedro Nuno Santos de dizer “falsidades”. A garantia foi dada por Michael O’Leary, afastando o argumento apresentado pelo ministro das Infraestruturas de que o Estado tem direito a investir na TAP. “O ministro [Pedro Nuno] Santos tem levado a cabo uma campanha para fazer acusações falsas sobre a Ryanair”, disse o responsável da companhia aérea irlandesa.
O presidente da companhia aérea disse, no entanto, que a companhia aérea não tem uma má relação com o Governo português, mas sim apenas uma relação um pouco conturbada, de momento, com o ministro das Infraestruturas, de quem gostava de receber “um pedido de desculpas” pelas “acusações falsas que tem feito”. E afirmou: “Bloqueámos as ajudas estatais noutros países. […] Nenhum outro ministro criticou a Ryanair como o ministro Santos”, realçando não estar a atacar o governante, mas apenas a defender-se das “falsas alegações feitas contra um dos maiores investidores externo em Portugal”.
O responsável disse também paga impostos em Portugal e, por isso, preferia ver esse dinheiro investido em hospitais, escolas e no aeroporto do Montijo. “Não queremos ajudas europeias, não precisamos de ajudas europeias. Nós simplesmente achamos que [o investimento na TAP] é um completo desperdício de dinheiro. […] Nós gostaríamos de ver a TAP a sobreviver, mas precisa de ser muito mais pequena e muito mais eficiente, mas não é”.
Novo aeroporto não avança por causa da TAP
Michael O’Leary disse ainda que a única explicação para que o projeto do novo aeroporto no Montijo não avance é porque está a ser adiado para proteger a TAP. “Não há outra explicação para que o Montijo não avance”, afirmou Michael O’Leary, em conferência de imprensa, em Lisboa, depois de questionado se relacionava a ajuda à TAP com o facto de o novo aeroporto no Montijo não avançar.
O responsável sublinhou ainda que a TAP mantém as ‘slots’ (direito de aterrar ou descolar em aeroportos) no Aeroporto Humberto Delgado, em Lisboa, apesar de ter reduzido a sua frota. “A capacidade na Portela está a ser constrangida há vários anos, para que a TAP seja protegida. E o ponto que sublinhamos aqui hoje é que a TAP reduziu a sua frota”, apontou, acrescentando que “isso deveria libertar ‘slots’ no aeroporto” de Lisboa, o que não aconteceu. E questionou: “Quem beneficia do constrangimento de slots na Portela? Só a TAP”, defendeu.
Michael O’Leary disse que a Ryanair pretende investir 500 milhões de dólares (cerca de 419 milhões de euros) no aeroporto do Montijo, e reiterou que o projeto deve avançar o quanto antes. “Pedimos ao ministro Santos [ministro das Infraestruturas, Pedro Nuno Santos] que pare de desperdiçar dinheiro, a despejá-lo pela sanita da TAP. [Que o use] no desenvolvimento e na abertura do Montijo, mais cedo, do que tarde, para que a Ryanair possa investir”, referiu.