Mariana Mortágua foi uma das primeiras a reagir à detenção de Joe Berardo. A deputada que esteve presente na polémica comissão de inquérito à Caixa Geral de Depósitos lembrou que o empresário foi ao Parlamento “gabar-se de ser intocável e gabar-se de ter conseguido encontrar um truque – que foi descoberto e exposto ao país nessa comissão de inquérito -, uma fraude para esconder uma coleção de arte do Novo Banco e da CGD, de forma a que essa dívida não pudesse ser cobrada”.
A bloquista lembrou ainda que, “depois desse truque, houve muitos outros devedores que foram às comissões de inquérito, ou melhor, foram expostos nas comissões de inquérito truques muito parecidos para não pagar o que devem aos bancos” e que hoje sabe-se “o nome de alguns desses devedores”.
A deputada vai mais longe: “Tudo o que espero e desejo é que seja feita justiça relativamente a esse tipo de ações, muitas delas de caráter fraudulento, que foram levadas a cabo para estes devedores não pagarem as suas dívidas aos bancos, com prejuízos para todos os contribuintes e para todos os portugueses”, afirmou.
Também Cecília Meireles que esteve na mesma comissão, considerou “uma boa notícia” ver “a justiça a funcionar”, mas recusou comentar “os contornos do caso” em concreto.
“Estamos a falar de factos que são muito antigos e que só agora é que estamos a ver uma atuação, digamos assim”, referiu. “Para a justiça poder funcionar é preciso que tenha meios e é preciso que tenha meios de investigação”, afirmou.
Para a deputada e antiga líder parlamentar do CDS, “uma das conclusões que se pode extrair” do caso da investigação a Joe Berardo é a necessidade de haver meios e, “do ponto de vista do Parlamento”, aquilo que faz sentido é “fazer um trabalho que tem de ser profundo para que a justiça tenha meios para funcionar”, defendeu.
“Seja feita justiça” O mesmo argumento é usado pelo Partido Ecologista “Os Verdes” (PEV) ao pedir “que seja feita justiça”, a propósito da detenção do empresário Joe Berardo e do advogado André Luís Gomes. “O que esperamos é que seja feita justiça. Se ele [Joe Berardo] foi detido, é porque há suspeitas fortes da prática de crimes. E, na nossa perspetiva, quem pratica crimes deve ser condenado por isso”, sublinhou o deputado José Luís Ferreira.
O parlamentar recusou fazer mais comentários sobre o assunto, sustentando que “à Justiça o que é da Justiça, à Política o que é da Política”, e é preciso deixar os “órgãos de investigação criminal e os tribunais trabalharem” para “que se faça justiça”.
Por seu lado João Paulo Correia, vice-presidente da bancada do PS, optou por falar em “utilidade pública” dos inquéritos parlamentares, dado que, defende, “muito daquilo que se passou a saber sobre Joe Berardo e os seus negócios foi através do inquérito parlamentar e do trabalho dos deputados”.
Já a Iniciativa Liberal garantiu que recebeu “sem surpresa” a notícia da detenção do empresário.
Para os liberais, “este é um caso em que importa, mais do que olhar para a árvore, ter presente a dimensão e a gravidade da floresta”. João Cotrim Figueiredo foi ainda mais longe: “Berardo fez parte de um esquema orquestrado a partir das mais altas esferas do poder político da altura, com a complacência dos reguladores, no contexto de uma estratégia de ocupação do mercado financeiro e de favorecimento de clientelas e cumplicidades”.
Também o Chega espera que o processo “não se arraste, à semelhança de outros, nos tribunais e nas instituições judiciárias” e “faz votos” que o processo seja “célere e eficaz”. O partido de André Ventura diz ainda que “é fundamental que todos percebam que a impunidade não pode reinar em Portugal e que as constantes artimanhas para esconder património não podem prevalecer como uma conduta normal e habitual.
Poucas horas depois, o presidente do partido acrescentou ainda que a detenção de Joe Berardo mostra que “ninguém é intocável” e disse esperar que “a justiça seja célere” e que este processo “não se arraste.
Oportunidade de defesa A única voz de defesa em torno do empresário surgiu através de o presidente do Governo da Madeira ao considerar que deve ser dada a “oportunidade de esclarecer” os factos constantes do processo, defendendo a importância de haver “serenidade”.
Para Miguel Albuquerque não há dúvidas: “Acho que neste momento tem de ser facultado ao comendador a oportunidade de esclarecer dúvidas relativamente àquilo que está no processo”.