1. Há dias, o carro do ministro Eduardo Cabrita (ou da sua comitiva) teve uma infelicidade extrema e, na A6 (entre Estremoz e Évora) atropelou mortalmente um operário. A comunicação social tentou saber pormenores como a velocidade a que ia, como ocorreu o acidente, enfim detalhes absolutamente normais em democracia mas todas as ‘portas se fecharam’!
O silêncio persiste passados uns dias. Entretanto, o Ministério da Administração Interna (MAI) emitiu um comunicado a referir que o local onde se deu o fatídico acidente estava em obras e que não se encontrava devidamente assinalado. Azar dos Távoras – a Brisa veio de imediato desmentir, por incrível que pareça, lançando um anátema de descrédito sobre o MAI!
Adensa-se assim o mistério de um acidente, infelizmente mais um nas estradas portuguesas, situação demasiado recorrente, tantos os acidentes viários que sucedem. Uns por excesso de velocidade, outros por alcoolismo, ainda outros porque há gente neste país que continua a ter carta de condução, apesar da profusão de infrações que cometem ou acidentes que provocam. Mas sobre estes, tudo se fica a saber, se alguém quiser investigar.
Neste caso, o inquérito do DIAP que se encontra em curso é justificação para o silêncio, como se em democracia o silêncio fosse permitido num caso desta relevância pelo personagem envolvido. Claro que estes silêncios imediatamente reforçam a curiosidade geral e não surpreende que se forjem teorias e/ou especulações. Nos jornais garante-se que a velocidade seria excessiva, como tantas vezes sucede em viaturas oficiais, em que o limite máximo de velocidade autorizado nas autoestradas é o mínimo a que andam.
Como se isto não fosse vergonha suficiente num Estado democrático, em que os exemplos devem vir de cima, refiro que, segundo informação propalada, ninguém diretamente envolvido terá saído da viatura no local do acidente, nem sequer para dar uma palavra de conforto aos operários que no local trabalhavam.
Mais: refere-se que ninguém do MAI esteve presente no funeral. Tiveram receios da população anónima por serem conhecedores de situações ilegais como o excesso de velocidade? Sinceramente, acho estas ausências tão inconcebíveis que até sinto vergonha alheia.
Pergunto: o operário que faleceu não merece que sejam divulgadas as circunstâncias do acidente? Ou estaremos num país de democracia ‘musculada’ em que despudoradamente estas situações se silenciam?
2. Começaram as cedências do PS ao PCP… com o OGE 2022, já como pano de fundo. Em concreto, respondendo às exigências do PCP (e Bloco), o PS viabilizou a revogação do período experimental de 180 dias para jovens à procura do primeiro emprego e desempregados de longa duração bem como foi reduzido o número de renovações possíveis nos contratos a prazo.
Outras medidas exigidas pelo PCP e votadas em plenário da Assembleia da República, não foram aprovadas pelo PS, como o aumento das férias para 25 dias anuais e o regresso às 35 horas semanais. No fundo, o PS cedeu numas coisas mas não abdicou de outras.
Entretanto e compreensivelmente, Francisco Assis, Presidente do Conselho Económico e Social, já se revoltou com as cedências efetuadas, completamente ao arrepio dos acordos celebrados no Conselho de Concertação Social e que trazem enormes complicações económicas para o tecido empresarial. Aliás, estou convicto que do ponto de vista prático terá um efeito ‘boomerang’.
Vejamos: a precariedade é realmente uma ‘faca de dois gumes’! Exaspera, desmotiva e causa enormes problemas psicológicos nos trabalhadores sujeitos a essa realidade. Indiscutível!
Mas, quer se goste ou não do sistema, é uma medida que objetivamente incrementa o emprego, nomeadamente em empresas com marcada sazonalidade. Noutras, permite alargar o leque de recrutamento para se escolherem os melhores.
No entretanto, enquanto ‘o pau vai e vem’, há emprego. Esta a realidade… pelo que estas medidas, a prazo, irão fatalmente reduzir os lugares disponíveis.
Preocupados com a aprovação do OGE 2022, os socialistas fazem contas de cabeça e cedem em pontos que acreditam não terem impactos maiores e certamente pensam ‘logo se vê e vamos lá ceder qualquer coisinha para o PCP sentir que valeu a pena’.
Em suma, joguinhos políticos com graves implicações económicas porque as ofertas empresariais de emprego irão infelizmente diminuir.
3. Lá fomos eliminados pela Bélgica, num jogo em que o Selecionador Fernando Santos foi igual a si mesmo. Entrou para não perder e apenas “libertou” a equipe muito tardiamente quando já estávamos a perder. Nessa altura, faltou a sorte aqui ou ali para, no mínimo, empatarmos.
Pergunta de leigo nestas coisas da bola que tem mais mistérios insondáveis que a economia portuguesa: o fim do Euro 2020 que agora se joga será o início de novo ciclo com novas ideias e novo Selecionador ou continuaremos na mesma com explicações gongóricas sobre insucessos como aquelas que iremos ouvir nos próximos anos?