Após revelação de que, afinal, Eduardo Cabrita aprovou os moldes em que se realizaram os festejos do Sporting Clube de Portugal (SCP) – por despacho, na véspera dos ditos e contrariando as recomendações da DGS e PSP –, o PSD entregou um requerimento para que este seja ouvido, urgentemente, no Parlamento.
No requerimento, dirigido à Comissão de Assuntos Constitucionais, Direitos, Liberdades e Garantias, o PSD a acusa o Ministro da Administração (MAI) de, “como tem feito noutros casos”, se “desresponsabilizar quanto às decisões que foram tomadas” e “tresler o relatório da Inspeção-Geral da Administração Interna (IGAI)”. Assim, e “considerando a passagem de responsabilidades públicas relativas a esta situação, bem como as informações que se contradizem entre si que têm vindo a público, o Grupo Parlamentar do PSD considera que toda esta situação deve ser devidamente esclarecida”, solicitando então o requerimento “à audição do Senhor Ministro da Administração Interna sobre esta matéria, com caráter urgente” – lê-se no documento a que o i teve acesso.
Note-se que o MAI declarou, numa conferência de imprensa na passada sexta-feira, que a decisão do modelo dos festejos havia sido do SCP e da Câmara Municipal de Lisboa (CML). Contudo, no dia a seguir, o Público noticiava que, afinal, havia sido o próprio MAI a validá-los “exatamente nos modos em que estes vieram a ocorrer”. Este despacho terá sido comunicado pelo gabinete do secretário de Estado Antero Luís apenas 22 horas antes do início do jogo e tratou-se da resposta do Ministério a uma recomendação da PSP que desaconselhava “a utilização do trio elétrico/desfile pela via pública” por “comportar um elevado grau de imprevisibilidade relativamente à manutenção da ordem pública e riscos elevados”.
Outra eventual contradição dá-se quando Cabrita acusa o clube de “não responder” aos pedidos de esclarecimento da IGAI mas o Sporting desmente-o. Somando a isso, noticia-se que, afinal, o próprio Ministério ignorou os pedidos de reunião do SCP durante dois meses. Finalmente, “assim que foi possível”, deu-se uma “reunião presencial no Ministério da Administração Interna, onde estiveram os chefes de gabinete do próprio MAI, do secretário de estado adjunto da Administração Interna, da ministra da Saúde, representantes do COMETLIS/PSP, da DN/PSP, da DGS e da CML” e desenhou-se, “em plena colaboração e acordo entre todas as partes, o plano executado” – lê-se no comunicado leonino que considera as declarações de Cabrita “extremamente graves”.
Nota ainda o comunicado, publicado no sábado, que não é o clube “que impõe regras à DGS, PSP, Ministério da Administração de Interna ou ao Governo”, “lamentando”, por isso, “que o ministro Eduardo Cabrita afirme que o Sporting CP não respondeu a qualquer pedido de esclarecimento feito pela IGAI. É lamentável e não corresponde à verdade”.