Angelina Jolie sempre preferiu manter a sua vida privada e nunca teve nenhuma rede social. No entanto, a atriz e conhecida ativista humanitária, abriu uma exceção e criou, na sexta-feira, uma conta no Instagram para partilhar uma carta enviada por uma jovem afegã a relatar a situação vivida no país após os talibãs reconquistarem o poder.
“Esta é a carta que recebi de uma adolescente no Afeganistão. Neste momento, o povo do Afeganistão está a perder a sua capacidade de se comunicar nas redes sociais e expressar-se livremente. Então vim ao Instagram para partilhar as suas histórias e dar voz a todos aqueles ao redor do mundo que lutam pelos seus direitos humanos mais básicos”, escreveu a atriz, de 46 anos.
“Estive na fronteira do Afeganistão duas semanas antes do 11 de setembro, onde conheci refugiados afegãos que tinham fugido do Talibã. Isso foi há 20 anos. É nauseante assistir afegãos a deslocarem-se mais uma vez por causa do medo e das incertezas que tomaram o seu país”, acrescenta.
A atriz, que foi Embaixadora da Boa Vontade das Nações Unidas entre 2001 e 2012, deixou ainda uma crítica aos Estados Unidos da América e à sua ocupação no Afeganistão. “Gastar tanto tempo e dinheiro, derramar tanto sangue de vidas perdidas para chegar a isto, é uma falha quase impossível de entender”, frisou.
“Assistir durante décadas como os refugiados afegãos – algumas das pessoas mais capazes do mundo – são tratados como um fardo é também nauseante. Sabendo que se eles tivessem as ferramentas e o respeito, tanto poderiam fazer por eles próprios. E conhecer tantas mulheres e meninas que não só queriam educação, como lutaram por ela”, continuou.
Por fim, a atriz deixa um apelo: “Como tantos outros que estão comprometidos, não vou virar para o outro lado. Vou continuar a procurar formas de ajudar. E espero que te juntes a mim.”
Na carta partilhada pela atriz, a adolescente revela que os direitos dos afegãos foram “violados” e que estão “novamente presos”. "Todos nós tínhamos direitos, podíamos defender os nossos direitos livremente, mas quando eles vieram, todos temos medo deles e pensamos que todos os nossos sonhos desapareceram", escreveu.
"Achamos que os nossos direitos foram violados. Não podemos sair. Estudar e trabalhar está muito longe. Algumas pessoas dizem que os Talibãs mudaram, mas eu não acho que mudaram porque eles têm um passado muito mau", acrescentou.
"Estamos novamente presos", afirmou a jovem no fim da carta.