O mau tempo na Venezuela provocou, na quarta-feira, pelo menos dezasseis vítimas mortais e dezassete desaparecidos, avançaram as autoridades locais. Entre os afetados por esta tragédia estão portugueses, que não sofreram ferimentos.
Segundo a cônsul honorária de Portugal em Mérida, Auristher Pinto, pelo menos 25 portugueses e lusodescendentes, que constituem três agregados familiares, encontram-se sem eletricidade, comunicações móveis e parcialmente isolados nos municípios de Tovar e Zea.
«[Os afetados] estão a pedir que lhes seja enviada ajuda por via área, principalmente alimentos não perecíveis, água, roupa e medicamentos», disse Auristher Pinto, acrescentado que a Arquidiocese de Mérida, a Cruz Vermelha, a Cáritas e o Clube Rotary estão a ajudar a divulgar este pedido.
As chuvas fortes que provocaram cheias e inundações, que estão a afetar o país desde segunda-feira e têm assolado diversas regiões da Venezuela, em particular Mérida, 670 quilómetros a sudoeste de Caracas, têm provocado a destruição de infraestruturas e afetado milhares de pessoas.
«Lamentavelmente, devemos informar que as chuvas deixaram 15 mortos e seis desaparecidos», disse o porta-voz do Governo no estado de Mérida, Jehyson Guzmán, à televisão estatal venezuelana.
Guzmán afirmou que as chuvas desencadearam inundações nos rios dos municípios de Sucre e de Tovar, naquele estado, que afetaram centenas de famílias e destruíram mais de 71 quilómetros de estrada.
Em imagens divulgadas nas redes sociais é possível observar veículos arrastados por um forte fluxo de água em Tovar, carros enterrados ou presos entre galhos, lama e destroços e móveis que se encontram no meio das águas. A zona ficou sem luz e sem serviço telefónico.
Também a região agrícola do Vale dos Mocotíes, muito popular entre os turistas, foi afetada pelas inundações, com rochas gigantes a rolar das montanhas, danificando e bloqueando estradas.
Numa declaração ao país, o Presidente venezuelano, Nicolás Maduro, pediu tranquilidade à população e anunciou ter sido decretado o estado de emergência em Mérida e ativado um programa «cívico, policial e militar» para dar resposta às pessoas afetadas por uma situação que atribuiu às alterações climáticas.
O Presidente da Venezuela disse que são esperadas «75 ondas tropicais [que se podem transformar numa depressão ou ciclone], durante a época de chuvas, até setembro». Até agora, foram registadas 38, disse.
Maduro indicou que as chuvas estão a afetar 85 dos 335 municípios da Venezuela, tendo destruído 8.098 casas e afetado diretamente cerca de 35 mil pessoas e 9 mil famílias em todo o país.