Israel. Fuga deixa serviços de segurança em alerta máximo

Entre os fugitivos está Zakaria Zubeidi, que viu a mãe e irmão abatidos por soldados israelitas, e membros da Jihad Islâmica na Palestina.

A fuga de seis prisioneiros palestinianos da prisão de Gilboa, considerada uma das mais seguras de Israel, detetada segunda-feira de madrugada, deixou os serviços de segurança em alerta máximo. Os fugitivos, que partilhavam a mesma cela, terão utilizado uma colher ferrugenta para cavar um túnel atrás de um lavatório, ao longo de meses, que esconderam com um poster – numa cena que lembra o filme The Shawshank Redemption (1994), suscitando um enorme conjunto de memes nas redes sociais israelitas e palestinianas – e que lhes permitiu chegar aos esgotos da prisão, segundo imprensa israelita. Já foi lançada uma operação de busca massiva no norte do país e na Cisjordânia, ocupada por Israel.

Trata-se de um caso sem grandes precedentes, envolvendo prisioneiros de alto perfil. Como Zakaria Zubeidi, de 45 anos, antigo comandante da brigada de mártires de Al-Aqsa, considerado como o braço armado da Fatah, a maior fação da Organização para a Libertação da Palestina (OLP). Entre os restantes prisioneiros fugidos estavam também membros da Jihad Islâmica na Palestina, a mais extremista das principais fações políticas palestinianas, com grande peso na faixa de Gaza. 

Não há grandes dúvidas que prisioneiros como Zubeidi estejam cheios de vontade de voltar a combater. Afinal, Zubeidi viu a sua casa em Jenin, no norte da Cisjordânia, ser demolida, e juntou-se à brigada de mártires de Al-Aqsa após a sua mãe e irmão serem abatidos a tiro por militares israelitas na Primeira Intifada, segundo o Haaretz – acabou condenado por organizar um ataque terrorista contra uma sede regional do Likud, partido dos antigos primeiros-ministros Ariel Sharon e Benjamin Netanyahu, durante a Segunda Intifada, causando seis mortos. 

Não é de espantar que as forças de segurança israelita estejam preocupadas. Os cerca de 400 outros prisioneiros de Gilboa já foram transferidos para outras localizações, tendo sido estabelecidos postos de controlo na região, inclusive com cães farejadores, segundo a Al Jazeera. Pensa-se que os prisioneiros fugidos se tenham dirigido para Jenin, reduto de Zubeidi, onde a Autoridade Palestiniana – que de alguma forma manter a rédea curta os grupos militantes mais agressivos, dado depender em quase tudo de Telavive – tem muito pouco controlo.