Rio, vencedor moral das eleições autárquicas, quer aproveitar ao máximo a maré de popularidade nacional e partidária. Nesse sentido, não esperou mais tempo para marcar o Conselho Nacional do PSD: realizar-se-á a 14 de Outubro, avança o Expresso. Será neste que, daqui a cerca de duas semanas, se acertará a data concreta das eleições internas e do congresso do PSD. Note-se que os sociais-democratas, ao contrário do CDS, PC ou BE, não realizam congresso eletivo, razão pela qual há eleições antes do dito.
A comissão política nacional do PSD terá reunido na terça-feira à noite e assim decidido, enviando a convocatória aos conselheiros. Considerando que os estatutos alaranjados dizem ter de haver pelo menos 60 dias entre o Conselho Nacional de marcação das diretas e as diretas per se, destaca-se o facto de as últimas ainda poderem ocorrer na semana que precede o Natal. A confirmar-se, alguém terá uma consoada enjoada, a passo que outros celebrarão o embrulho alaranjado. Não se confirmando, esperam-se as eleições em janeiro ou, no limite, fevereiro.
Independentemente das datas, trata-se, efetivamente, do tiro de partida a São Caetano – dado pelo próprio presidente lá inquilino. A este, interessa-lhe que as diretas sejam o quanto antes, pois aproveita o momentum das eleições autárquicas e a visibilidade que poderá advir do Orçamento de Estado para cair em graça junto dos militantes. A isto, acrescenta-se ainda o facto de, havendo campanha interna em novembro, essa coincidir com as tomadas de posse dos recente-autarcas alaranjados – o que, necessariamente, fará Rio lograr de uma imagem vitoriosa junto dos militantes. Por fim, o óbvio: quanto menos tempo houver até às diretas, menos tempos terão os seus challengers para mobilizar fileiras.
Baionetas voltam à cintura Os dados pareciam lançados, os motores dos carros aqueciam na grelha de partida e as paredes de São Caetano ouviam murmúrios. Paulo Rangel, aliado com Pinto Luz, preparava-se para anunciar a candidatura e atirar-se, confiante e com piruetas, à piscina alaranjada. Contudo, perante a inesperada vitória de Rio, Rangel e os seus camaradas viram-se obrigados a recolher a baionetas e a dar um passo atrás. Passo esse, aliás, que deverá colocar os “pés na terra” e, “saudavelmente”, “celebrar este momento político”, conforme escreveu no Público: “Não é, pois, ainda o tempo da chamada clarificação interna nem do debate interno. Como bem disse o presidente do PSD, estamos ainda no perímetro do ciclo autárquico, das suas implicações e repercussões. A seu tempo, virá o ciclo eleitoral normal do PSD e, aí sim, cada militante será chamado a assumir as suas responsabilidades”.
“Cada militante será chamado a assumir as suas responsabilidades”, declara Rangel, sugerindo algo como: “para já não mas, a seu tempo, declarar-me-ei na corrida”. Tal mensagem, poderá, também, significar uma espécie de ‘chamada de calma’ para os seus eventuais competidores: Luís Montenegro – que se mantém em silêncio – e Jorge Moreira da Silva, que vai dando entrevistas e publicando livros. Verdade seja dita: se os motores da caravana de Rangel eram ouvidos a roncar de Bruxelas a São Caetano, o eurodeputado parece agora ter tido vontade de desligá-los.