Cecília Meireles foi a porta-voz do CDS-PP nas reações ao Orçamento do Estado para 2022 (OE2022), e a deputada centrista começou, em declarações aos jornalistas na Assembleia da República, em Lisboa, depois da conferência de imprensa do ministro de Estado e das Finanças de apresentação do OE2022, por deixar um ponto assente: é ainda cedo para fazer declarações “cabais”, e só depois de realizar muitas simulações e de analisar integralmente o documento é que será possível reagir de forma mais informada. Ainda assim, Cecília Meireles não deixou de reforçar aquilo de que "não ouviu o ministro das Finanças falar". Trata-se, como o define a própria, do "parente pobre deste Orçamento, que se chama iniciativa privada e empresas, sobretudo PME”. “Os mais afetados pela pandemia foram os pequenos negócios, que foram obrigados a parar, ou que ficaram sem clientes, e é para eles que eu não vejo uma resposta”, continuou a deputada centrista, que deu como praticamente garantido o voto contra do partido a este OE2022.
"Não se pode redistribuir sem antes criar", declarou a deputada, que defendeu que este orçamento "não é virado para isso, é virado para a distribuição do PRR quase como um livro de cheques socialista". Para as empresas e a iniciativa privada, acusa Cecília Meireles, não há "praticamente nada".
A deputada centrista aproveitou ainda para falar sobre os ajustes fiscais deste OE2022, relembrando "o tempo em que só o CDS defendia um tratamento fiscal diferente para as famílias com filhos a cargo". "Hoje em dia isso é unânime, e ainda bem, mas [o alívio fiscal] é complexo e muito disperso", continuou, antes de garantir "preferir um alívio fiscal transversal a todo o IRS".
"Se há coisa que penaliza a classe média portuguesa e também a produção industrial e agrícola é a fiscalidade do gasóleo e da gasolina", atacou ainda Cecília Meireles, que acusou o Governo pelo aumento do ISP em 2016, que, caso fosse revertido, "permitiria termos gasóleo e gasolina mais baratos".
Cecília Meireles acusou também a “engenharia com números” do ministro das Finanças “para dizer que o crescimento económico foi muito bom”. “Eu peço que vão ao Eurostat e façam uma análise séria dos números que lá estão”, incentivou a deputada, que fez as contas: “Se há oito países da União Europeia que no fim do primeiro semestre deste ano já tinham recuperado o PIB que tinham em 2019, e se nós vamos demorar mais um ano a fazê-lo, aquilo que me impressiona e nós estarmos no pelotão de trás na que toca à recuperação económica”.