Em reação à proposta de Orçamento do Estado para 2022 (OE2022), no Parlamento, o deputado comunista João Oliveira criticou as propostas feitas pelo Governo socialista, e afirmou que os comunistas estão inclinados a votar contra a sua aprovação na generalidade. Uma posição que põe em causa a viabilização do Orçamento, já que o próprio Bloco de Esquerda também se mostrou contra a sua aprovação.
"Na situação atual, considerando a resistência do Governo, a proposta do OE conta hoje com a nossa oposição, com o nosso voto contra“, afirmou o deputado João Oliveira. Ainda assim, o comunista não fechou por completo a porta. “Até à sua votação na generalidade ainda é tempo de encontrar soluções”, revelou Oliveira, que diz ficar à espera de, então, perceber se o PS e o Governo “recusam em definitivo os compromissos” que os comunistas têm como bandeira, tanto dentro do Orçamento do Estado como fora dele. Mas João Oliveira não deixou de atirar farpas ao Executivo: "O Orçamento do Estado devia inserir-se no sentido geral de responder aos problemas [do país]. Não só não se insere, como o Governo não dá sinais."
João Oliveira aproveitou ainda a oportunidade para defender que o partido continuará a negociar “com a independência de sempre, recusando todas as pressões, não alimentando nem se condicionando por falsas dramatizações”.
O deputado comunista listou alguns dos assuntos em que, considera, o Executivo de António Costa não dá resposta no OE2022, entre eles a falta de investimento no Serviço Nacional de Saúde, a gratuitidade das creches (um tema muito debatido pelos comunistas), a fiscalidade e os valores mais baixos das pensões.
Aliás, João Oliveira vincou especificamente a área financeira e os salários, acusando que, no momento em que se estima um crescimento de 5,5%, “se a perspetiva for de não haver aumento geral dos salários, os trabalhadores não beneficiam do crescimento”. “Como é que podemos admiti-lo?”, disparou, antes de relembrar que "o OE2021 foi aprovado com o Governo 'à frente da ponta da baioneta'", referindo-se à pandemia da covid-19.
Questionado sobre se o Partido Comunista, parceiro na 'Geringonça' que colocou o Partido Socialista no poder em 2015, estaria a perder a paciência com os socialistas, João Oliveira arrefeceu a sala, defendendo não ser o caso. "Se não, tínhamos desistido naqueles 48 anos antes do 25 de Abril. Já cá andamos há cem anos", brincou ainda o deputado comunista.