Mais importante do que a disputa interna no partido é a escolha de quem será o candidato a primeiro-ministro para defrontar António Costa. A garantia foi dada pelo candidato à liderança do PSD, Paulo Rangel, na Madeira, onde vai estar durante dois dias em campanha para as eleições internas. “Vamos ter eleições legislativas no dia 30 de janeiro, portanto o que se trata agora não é tanto uma campanha dentro do PSD, é de uma escolha de quem será o candidato a primeiro-ministro, para defrontar António Costa, um Governo que tem prejudicado tanto os interesses dos madeirenses e da Madeira”, afirmou o eurodeputado.
Rangel disse, no entanto, que as eleições legislativas de dia 30 de janeiro podem, até, “aproveitar o embalo das internas”, que se realizarão a 27 deste mês, não estando “nada preocupado” com o pouco tempo entre eleições.
“O PSD é um partido que está vocacionado para ter maiorias e para ir a eleições tem de estar sempre preparado. Eu também tenho uma larguíssima experiência nacional e internacional e, portanto, não é nem de perto, nem de longe a primeira eleição nacional a que me candidato, pelo que [o tempo] é o que menos me preocupa”, diz, ainda que considere que será “exigente”, devido à “marcação de eventos com celeridade”.
Já em relação às críticas de Alberto João Jardim, militante histórico do PSD e ex-presidente do Governo Regional da Madeira, à antecipação das eleições internas, o candidato refere que este “tem toda a liberdade para dizer aquilo que quer”, mas que “estamos em 2022 – não estamos nem 2011, nem 2015, nem 1995, nem 2001”, realçando que “os desafios que se põem hoje são totalmente diferentes e, portanto, as respostas do passado não podem ser as respostas para os problemas de agora”.
Desvaloriza sondagens Quando questionado sobre a sondagem divulgada recentemente que dá a vitória ao seu opositor Rui Rio, Rangel desvalorizou-a, sustentando que “as sondagens são apenas um instrumento”.
Recorde-se que, de acordo com uma sondagem da Aximage, Rui Rio tem 11 pontos de vantagem sobre Paulo Rangel quando se questiona os portugueses sobre quem será o vencedor das diretas, embora apenas os militantes do PSD possam votar nestas eleições (e só os que tenham as quotas em dia, porque a proposta de Rui Rio para abrir os cadernos eleitorais foi chumbada ontem). Mas se a pergunta for direcionada apenas a pergunta for feita aos eleitores social-democratas então a vantagem aumenta para 23 pontos.
Lei das Finanças Regionais “mais flexível” O candidato à liderança do PSD defendeu ainda que a Lei das Finanças Regionais devia ser “mais flexível” e contemplar “um pouco mais de espaço de respiração fiscal para as autonomias”. E acrescentou: “Se há matéria na qual podemos fazer alguma evolução progressiva das autonomias, e isto vale tanto para a Madeira como para os Açores, é na matéria fiscal”, afirmou.
O que significa que, no seu entender, que a Lei das Finanças Regionais “poderia contemplar um pouco mais de espaço de respiração fiscal para as autonomias”.
Já em relação aos assuntos que estiveram em cima da mesa no encontro com o presidente do Governo Regional, Paulo Rangel destacou a TAP e os fundos europeus. Quanto à companhia aérea, o social-democrata afirmou que o “Estado português está a gastar só com a TAP mais do que gastou no apoio a todas as empresas durante a pandemia”, garantindo que se fosse primeiro-ministro “não teria cometido o erro que cometeu este Governo, primeiro revertendo a privatização e depois no próprio plano de recuperação”.
Paulo Rangel realçou “outra questão muito importante que é a questão dos fundos europeus, onde a Madeira tem sido bastante prejudicada”.
Apontando que as verbas previstas para a Madeira no Plano de Recuperação e Resiliência (PRR) ficaram “claramente atrás daquilo que seria expectável para as regiões ultraperiféricas”, o eurodeputado defendeu que os fundos de coesão poderiam corrigir esses “défices” e criticou o facto de não existir “nada feito sobre essa matéria”.
O candidato à liderança do PSD sublinhou ainda os custos que a Madeira tem com a PSP e com as Forças Armadas, “funções que não competem à região”. E de acordo com o responsável não há margem para dúvidas: “Ou aumentamos os meios e, portanto, as transferências são transferências [do Estado] que cobrem este tipo de custos ou então damos maior amplitude à autonomia, designadamente na área fiscal”.