O Congresso do Chega aproxima-se (26 a 28 de novembro, em Viseu) e, mais uma vez, a sopa já está molhada.
Recorde-se que o futuro Congresso fora marcado porque o Tribunal Constitucional havia decretado a ilegalidade do passado, em Évora. Agora, ao que parece, o partido poderá novamente incorrer numa ilegalidade. Isto porque uma fação do partido – encabeçada por José Dias, ex-vice-presidente – foi, segundo a própria, impedida de eleger delegados ao Congresso nas diretas realizadas no passado fim-de-semana. Estes militantes viram cancelada a sua lista «a menos de 12 horas das eleições» pelo Conselho de Jurisdição do partido. «As pessoas queriam ser úteis no partido e isso foi-lhes vedado. Uma falta de democracia interna que se torna cada vez mais fácil de gerir. Isto é um partido personalista e messiânico», disse ao Expresso José Dias. Perante tal, colocaram uma ação no Tribunal Constitucional, requerendo a repetição do ato eleitoral naquela distrital e o adiamento do Congresso. Caso o Tribunal Constitucional lhes dê razão, há sérias possibilidades de Ventura ver ir ao fundo o seu Congresso-de-salvação.
Apesar do imbróglio, Ventura demonstra plena confiança de que tudo correrá de acordo com a normalidade. Ao Nascer do SOL, revela «confiar nas decisões tomadas pelos órgãos» e afirma que «as eleições para delegados do congresso decorreram com múltiplas listas em todo o país e em ambiente de plena democracia interna».
‘O único partido contra o sistema»’
Recorde-se ainda que Rio, esta semana, em entrevista à RTP, voltou a afastar perentoriamente a hipótese de olhar para o Chega como solução governativa: primeiro porque o Chega ainda não se «moderou» e, segundo – e principalmente –, porque desdenha a atitude do Chega em reclamar ministérios: «O problema desapareceu», disse. Tal posição do PSD, contudo, não trava Ventura. Pelo contrário, dá-lhe energia. Ao Nascer do SOL, Ventura explica que o facto de nenhum partido à direita querer coligar-se consigo mostra que são «o único partido verdadeiramente contra o sistema», algo que deixa os ‘cheganos’ «ainda mais convictos de estarem no caminho certo». Caminho certo esse que culminará na obtenção de «os 15%» nas próximas legislativas, ou seja, tornarem-se no «terceiro maior grupo parlamentar», como explica ao Nascer do SOL.
Ventura foi reeleito presidente do Chega no passado sábado, com 94,78% dos votos. Pela primeira vez teve um adversário: Carlos Natal, candidato a Portimão pelo partido nas últimas eleições autárquicas. «Esta é uma votação que não deixa margem de dúvidas para aquilo que os eleitores querem para o futuro», disse Ventura no discurso de vitória.