Para António Costa é preciso manter nos próximos anos persistência e disciplina na execução de políticas para transformar o perfil da sua economia. E de acordo com o primeiro-ministro, a competitividade económica e os salários não aumentam com varinhas mágicas.
“Se conseguirmos disciplinadamente, persistentemente prosseguir este esforço, vamos conseguir transformar o perfil económico do país. O perfil económico não se transforma com varinhas mágicas, os salários não sobem por varinha mágica. Os salários sobem se houver mais emprego qualificado. E há mais emprego qualificado se as empresas tiverem a capacidade de atrair para Portugal a produção de serviços e bens com maior valor acrescentado, aumentando a competitividade”, disse o primeiro-ministro, durante um evento da Deloitte. E acrescentou: “essas transformações exigem “persistência e não hesitações”.
Poupanças para investir Também o ministro da Economia garantiu que é necessário “canalizar as poupanças para o investimento na economia”. E para Siza Vieira não há dúvidas: “Tenho falado bastante da necessidade para que possamos encontrar formas de melhor canalizar as poupanças dos portugueses, designadamente as captadas através dos seguros de vida e através dos fundos de pensões, para o investimento na economia nacional, seja em investimentos de longo prazo (…) , seja naquilo que é um investimento na capitalização das nossas empresas”, disse o ministro, indicando ser esta uma área onde lhe “parecer existir um desfasamento entre aquilo que é a capacidade de captação de poupança e a disponibilidade de produto para investir”.
Admitindo que pode haver nesta vertente necessidade de trabalho ao nível da supervisão, o ministro da Economia e da Transição Digital referiu que “certamente” há aqui um trabalho a fazer, uma vez que não se pode “ignorar o volume de recursos que podem ser colocados à disposição da economia nacional e que são geridos pelos representantes do setor segurador”, disse num encontro na ASF.
Pedro Siza Vieira destacou também a contribuição da indústria seguradora na identificação de riscos climáticos, no trabalho com o setor público na proteção contra riscos catastróficos e na mobilização dos agentes económicos para a melhor perceção dos riscos, considerando que estas são vertentes relevantes na construção de uma sociedade mais madura e assente no conhecimento.
O ministro referiu ainda a reduzida cobertura de riscos climáticos e a reduzida perceção de riscos por parte dos agentes económicos (empresas e famílias), dando como exemplo os grandes incêndios de 2017 e o furacão nos Açores que vieram mostrar que empresas e famílias ou não tinham proteção e seguros ou tinham coberturas insuficientes.
Já a questão dos riscos climáticos e da sua proteção foi também referida pela presidente da ASF, Margarida Corrêa de Aguiar, que apontou as estimativas que indicam que em Portugal mais de metade do parque imobiliário não está coberto para riscos de catástrofe natural relevantes como tempestades e cheias. No caso do risco sísmico, indicou, a penetração de seguros será mesmo inferior a 20%.