Marcelo considera “natural” não ter sido informado sobre Operação Miríade

O ministro da Defesa Nacional, o chefe do Estado-Maior-General das Forças Armadas e o chefe do Estado-Maior do Exército vão ser ouvidos sexta-feira no Parlamento sobre operação.

Marcelo Rebelo de Sousa afirmou esta quinta-feira que considera natural não ter sido informado sobre uma matéria em investigação judicial, referindo-se às suspeitas de envolvimento de militares portugueses na República Centro-Africana em ações criminosas.

Questionado pelos jornalistas, no Centro de Congressos de Lisboa, sobre se teve acesso aos pareceres jurídicos a que se referiu em Cabo Verde, com base nos quais não terá sido informado destas suspeitas, o Presidente da República afirmou que o ministro da Defesa Nacional, João Gomes Cravinho, lhe transmitiu que as "opiniões jurídicas que tinham ouvido apontavam para um determinado tipo de atuação", o que respeitou e que correspondia à sua interpretação.

"É que eu nem precisava de pareceres. A minha opinião – eu tinha dito na véspera isso – é que, estando, e provavelmente há algum tempo, para não dizer bastante tempo, em investigação judicial, estava rodeada daquilo que é o regime próprio da investigação judicial. Neste caso, judicial criminal", acrescentou.

Questionado depois se concordava com o facto de não ter sido informado dos casos na origem da operação Miríade, Marcelo Rebelo de Sousa sublinhou que já tinha dito "na véspera que achava natural que sobre uma matéria que está em segredo de justiça não houvesse uma informação de titulares de cargos políticos sobre o que se passa".

Por último, um jornalista perguntou ao Presidente se foram "opiniões" aquilo que o ministro da Defesa ouviu antes de decidir não o informar, tendo o Marcelo referido que já estava "a repetir aquilo que disse" e que não tinha "mais nada a acrescentar".

Lembre-se que o ministro da Defesa Nacional, o chefe do Estado-Maior-General das Forças Armadas e o chefe do Estado-Maior do Exército vão ser ouvidos sexta-feira no Parlamento sobre a Operação Miríade, uma investigação judicial sobre tráfico de diamantes, ouro e droga, que envolve militares e ex-militares.