Estão aprovadas as listas de candidatos a deputados do PSD. A aprovação, dada pelo Conselho Nacional do PSD durante a noite de terça-feira para quarta-feira, celebrou-se com 61 votos a favor, 21 contra e seis abstenções: número esperados e cristalizadores da legitimidade de Rio. Dos 79 sociais-democratas no Parlamento, apenas 47 lá se manterão.
A direção do PSD mexeu – e muito – nas listas apresentadas pelas distritais. Puxou aqui, cortou acolá. Fê-lo sob o argumento de que as escolhas de uns nomes sobre outros são, na verdade, a escolha de uma visão para o país sobre outra – a de Rio sobre a de Rangel. Em Lisboa, por exemplo, cortaram das listas Sandra Pereira, Carlos Silva e Pedro Rodrigues. Rodrigo Gonçalves, que encabeçava a lista proposta pela distrital de Lisboa, foi para a 16º da lista de Rio. Rangelistas em lugares elegíveis só mesmo Alexandre Poço, que estava no topo da lista proposta pela distrital e agora passa para 10º. O topo, esse, foi dado a Ricardo Baptista Leite – seguido por José Silvano, Isabel Teixeira, Joaquim Miranda Sarmento, Duarte Pacheco e Lina Lopes.
Outros rangelistas, como esperado, acabariam por ser vetados por Rio: Cristóvão Norte, em Faro, Carlos Peixoto, na Guarda, Ana Miguel dos Santos, em Aveiro, Pedro Alves, em Viseu. Esses quatros deram lugar a Luís Gomes, Gustavo Duarte, António Topa Gomes e Hugo Carvalho, por ordem de distrito. Também no Porto Rio decidiu fazer das listas ovos mexidos: afastou Alberto Machado – presidente da distrital que estava em primeiro lugar – para último e colocou Cancela Moura e Alberto Fonseca – os dois vice-presidentes da distrital – também bem lá no fundo. Carla Barros, dos Trabalhadores Sociais-Democratas, também foi vetada. Deu, então, a cabeça de lista a outra mulher: Sofia Matos; escolheu-se a si para número dois e colocou em terceiro Paulos Rios de Oliveira. Catarina Rocha Ferreira irá no quarto lugar, Afonso Oliveira no quinto e Hugo Carneiro no sexto. Destaque ainda para Joaquim Pinto Moreira, figura próxima de Montenegro que entrou a 12º na lista.
A norte, na distrital de Braga, colocou André Coelho Lima como cabeça de lista e excluiu Emídio Guerreiro, que alinhou pelas linhas rangelistas. Ainda a norte, em Viana do Castelo, colocou Jorge Mendes como cabeça de lista e escolheu João Montenegro – um dos seus secretários-gerais adjuntos – para terceiro.
Ao todo, 28 dos 79 deputados sociais-democratas eleitos nas últimas legislativas foram excluídos das listas por Rio. Somando-se outros quatro que estão em lugar inelegível, o corte da atual bancada é de 40%. Há dois anos, a taxa de mudança era de 55% – contudo, nessa altura, dava-se a mudança da Direção do PSD de Passos Coelho para a de Rio.
RANGEL DESILUDIDO COM OPÇÕES DE RIO Ainda antes de conhecidas as listas, Rio era acusado de ter feito uma “limpeza étnica” aos apoiantes de Rangel. O líder rejeitava as críticas, embora admitindo que, naturalmente, haveria “contentes” e “descontentes” com as listas. A noite foi passando e essas considerações sobre Rio não se açaimaram: no início do Conselho Nacional, um Rangel pouco esperançoso dizia esperar “sinais no sentido de unidade”. Passadas umas horas, as suas convicções transformar-se-iam em críticas: no final da noite, face à remodelação de 40% dos deputados sociais-democratas e ao veto de muitos do seus apoiantes, Rangel assertou que as listas não trouxeram um “sinal construtivo, no sentido da unidade”. Embora considerasse as opções de Rio “más para a democracia interna e para o PSD”, Rangel salvaguardou que o apoiará nas próximas eleições. Quanto às eleições, descreveu-as como “uma batalha difícil” que o “PSD pode vencer” se não for “leviano”, “trabalhar muito” e “apresentar desde já o programa eleitoral”.